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como o seu grande precursor, Jean Lamarck, e como Herbert Spencer. Tive o prazer de<br />

contatar três vezes com Darwin, e sempre verificarmos, sobre esta questão fundamental,<br />

critérios completamente conformes. Participo da convicção de H. Spencer, de que a<br />

herança progressiva é um fator indispensável da teoria monista da evolução e um dos<br />

seus elementos mais importantes. Negando-a, como Weismann, cai-se no misticismo, e,<br />

neste caso, melhor seria aceitar o mistério da "criação isolada de cada espécie". A<br />

própria antropogenia oferece uma infinidade de provas do que defendo.<br />

Se, entretanto, olharmos de um ponto de vista muito geral o atual estado da<br />

antropogenia, e se abarcarmos com um só olhar todas as provas empíricas, teremos<br />

indiscutivelmente de afirmar: a descendência do homem, a partir de uma série de<br />

primatas terciários extintos, não é uma hipótese vaga, mas um fato histórico. Este<br />

processo, naturalmente, não pode ser demonstrado por métodos exatos; como também<br />

não podemos provar os números fenômenos físicos e químicos que, no decurso 44 de<br />

vários milhões de anos, conduziram progressivamente, desde a forma mais simples e<br />

desde o primitivo protozoário, até ao gorila e ao Homem.<br />

Entre os filósofos, ninguém impôs melhor a influência da nossa concepção do<br />

mundo que o grande pensador inglês Herbert Spencer, um dos raríssimos sábios<br />

contemporâneos que sabem igualar os mais vastos conhecimentos em história natural<br />

com a especulação filosófica mais profunda.<br />

Spencer pertence àquele antigo grupo de filósofos da natureza que, antes de<br />

Darwin, havia encontrado na doutrina evolucionista a chave que deveria permitir a<br />

resolução do enigma do universo; ele figura também entre esses evolucionistas que<br />

concedem, com razão, a maior importância à herança progressiva, a esta tão discutida<br />

transmissão das qualidades adquiridas.Spencer, tal como eu, combateu, desde o primeiro<br />

momento, com a maior energia, a teoria do plasma germinal de Weismann, que nega o<br />

importantíssimo fator da evolução, procurando se explicar apenas pela "força todopoderosa<br />

da seleção". Na Inglaterra, a teoria de Weismann teve grande êxito, tendo<br />

aparecido como "neodarwinismo", opondo-se à nossa concepção de fenômenos<br />

evolutivos, caracterizada como "neolamarquismo". Estas afirmações não são de modo<br />

algum justificadas; Darwin estava tão convencido do alto teor da herança progressiva,<br />

como o seu grande precursor, Jean Lamarck, e como Herbert Spencer.<br />

O mesmo acontece, porém, com todas as variedades históricas. Todos cremos na<br />

existência de Lineu e de Laplace, de Newton e de Lutero, de Malpigio e de Aristóteles,<br />

ainda que não se possa demonstrar, de maneira exata, a sua existência, no sentido da<br />

história natural moderna. Estamos persuadidos da existência destes gênios e de muitos<br />

outros, porque conhecemos as obras que deixaram, e porque vemos a influência que<br />

exerceram na história da civilização. E estes argumentos indiretos não valem menos do<br />

que aqueles que nos serviram para estabelecer a história dos antepassados do homem.<br />

Dentre todos os mamíferos jurássicos, apenas um osso, o maxilar inferior, chegou<br />

até nós; Huxley expôs, com muita oportunidade, as causas deste fenômeno. Todos<br />

admitimos que estes animais tinham igualmente uma mandíbula superior, e outros<br />

ossos, ainda que não possamos prová-lo diretamente.<br />

A chamada "escola exata" considera a evolução das espécies como uma hipótese<br />

não demonstrada, e deveria crer, para ser consequente consigo mesma, que a mandíbula<br />

inferior era o único osso que possuíam aqueles estranhos animais.Permitam-me, para<br />

terminar, que faça uma rápida concessão, perante o futuro, que se aproxima. Estou<br />

firmemente convencido de que não somente a ciência do século XX aceitará, nas suas<br />

linhas gerais, a nossa doutrina transformista, como até a considerará como a mais<br />

importante conquista do espírito da nossa época. Os seus raios deslumbrantes<br />

dissiparam as espessas nuvens da ignorância e da superstição que, até hoje, projetavam<br />

uma obscuridade impenetrável no mais importante de todos os problemas: a origem do<br />

homem, da sua natureza real, e do seu lugar na natureza. A influência incalculável da<br />

antropogenia natural, em relação a todos os ramos da ciência e da civilização, terá os<br />

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