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"Ele havia pensado que nasciam apenas indivíduos suficientes para manter uma<br />

espécie estável. Agora aceitava que também as populações selvagens procriavam além<br />

de seus meios. Como os arquitetos da lei dos pobres, a natureza não exibia caridade; os<br />

indivíduos tinham de se restringir e lutar, como as gangues cada vez maiores de pessoas<br />

que viviam dos montes de lixo de Londres, com a fome sempre os olhando no rosto.”<br />

[...]<br />

"Na natureza de Darwin, os muitos caíam para que os poucos pudessem<br />

progredir. A morte adquiria um novo significado — e havia bastante dela por toda a<br />

parte: com o aumento no número de desempregados e desabrigados, os estatísticos<br />

médicos estavam compilando seus “livros-caixa da morte” (estatísticas de mortalidade)<br />

entre os moradores dos bairros pobres.”<br />

Os livros-caixa da natureza estavam sempre abertos; o Ceifeiro sentava-se,<br />

coberto de negro, com a pena para riscar nomes permanentemente a mão. O progresso<br />

não era tanto um hino à beneficência divina quanto um canto fúnebre que acompanhava<br />

a luta selvagem. Tanto a ciência darwiniana quanto a sociedade da Lei dos Pobres<br />

estavam agora reformadas de acordo com as linhas competitivas de Malthus.”<br />

[...]<br />

"Mas Darwin acreditava que a guerra colonial era necessária “para fazer os<br />

destruidores se diversificarem” e se adaptarem ao novo terreno. A destruição estava se<br />

tornando parte integrante de sua concepção malthusiana da humanidade: Quando duas<br />

raças de homens se encontram, elas agem precisamente como duas espécies de animais.<br />

— Elas lutam, comem-se uma à outra, trazem doenças uma para a outra etc., mas, depois<br />

vem a luta mais mortal, a saber, a que faz a organização mais adequada, ou os instintos<br />

(isto é o intelecto no homem), ganhar o dia.”<br />

Os “mais fortes estão sempre extirpando os mais fracos” e os britânicos estavam<br />

vencendo todos. A expansão imperial encerrou o isolamento das raças indígenas e<br />

impediu seu desenvolvimento por outros caminhos. À medida que os brancos se<br />

espalhavam a partir do Cabo, as tribos negras eram forçadas a se unir no interior,<br />

fundindo raças e pondo fim a seu isolamento criador de espécies. Se isto não houvesse<br />

acontecido, especulou Darwin, “em dez mil anos o negro provavelmente teria se tomado<br />

uma espécie distinta."<br />

Por tudo isso, portanto, parece clara a intenção de Adrian Desmond e James Moore.<br />

Como a propaganda é alma do negócio, nada melhor do que tentar dissolver ou suprimir<br />

aquela imagem do darwinismo social, tão atrelada à figura de Darwin. Todavia, essa<br />

tentativa há de satisfazer apenas os seus fiéis discípulos, tão carentes de consolo!<br />

É isso!<br />

Medindo cabeças<br />

Com este título, Stephen Jay Gould<br />

introduz um dos capítulos de seu<br />

recomendadíssimo livro “A Falsa Medida do<br />

Homem”, em que trata do fascínio das ciências<br />

humanas pelos números, no século XIX: “a fé<br />

em que as medições rigorosas poderiam<br />

garantir uma precisão irrefutável e seriam<br />

capazes de marcar a transição entre a<br />

especulação subjetiva e uma verdadeira<br />

ciência, tão digna quanto a física<br />

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