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assunto deveras complexo, o qual tem suscitado os mais controversos debates: o suicídio.<br />

Inicia a autora: “Numa análise direta, o suicídio afronta as leis da natureza e fere o<br />

poderoso instinto que comanda todos os seres a lutarem por suas vidas até que não mais<br />

possam lutar.” E continua: “No entanto, através de uma contabilidade evolutiva racional,<br />

o suicídio não pode ser explicado inteiramente como uma aberração violenta ou uma<br />

patologia humana que fique além dos fluxos e apelos da seleção natural e da adaptação.”<br />

E não pára por aí: “A taxa, dizem alguns geneticistas evolutivos é muito grande para ser<br />

explicada através de fórmulas corriqueiras como doença social ou ocorrências casuais de<br />

doenças psiquiátricas.” E, agora, vejamos onde exatamente ela quer chegar: "Em vez<br />

disso, a persistência do suicídio em altas taxas na maior parte das culturas mundiais<br />

revela um componente evolutivo subjacente, uma possível racionalização darwinista<br />

para um ato que muito freqüentemente parece irracional.” Ou seja: na ausência de uma<br />

explicação convincente do ponto de vista científico, enfia-se aí um dos mais variados<br />

componentes evolutivos e pronto! Depois me criticam por encontrar material para humor<br />

no darwinismo!<br />

Mas, vejam só a explicação de Natalie Angier acerca da questão: “Apesar de tudo,<br />

pode haver explicações plausíveis na história da evolução para, ao menos, alguns atos<br />

autodestrutivos.<br />

Um sem-número de teóricos propõe que o impulso de se matar pode ser uma<br />

expressão de um instinto na direção do auto-sacrifício, para o bem dos parentes que<br />

sobrevivem, ou porque esses parentes serão salvos de suas próprias mortes, ou porque se<br />

beneficiarão generosamente dos recursos que lhes caberão agora.<br />

Os parentes sobreviventes vão, por sua vez, passar adiante os genes da vítima<br />

sacrificial. Para usar um exemplo curto e simplista, um hominídeo na selva pode ter<br />

aumentado sua sobrevivência genética sacrificando-se a um leopardo que de outra<br />

forma teria abatido seis de seus irmãos ou irmãs. No entanto, como vivemos em grupos<br />

sociais complexos, tal impulso para o martírio pode, em algumas ocasiões, apresentar-se<br />

em formas complexas e distorcidas, sobrecarregando miseravelmente as psiques, mesmo<br />

daqueles que não têm famílias para beneficiar-se de suas mortes ou para assegurar a<br />

sobrevivência de seu legado genético.”<br />

[...]<br />

“Em outro cenário, o suicídio é visto não como hereditário, mas como a mais<br />

trágica decorrência de outra característica que pode derivar-se da seleção natural: a<br />

tendência à depressão. Alguns teóricos darwinistas dizem que temperamentos<br />

extremamente melancólicos são comuns demais para resultarem apenas de patologia.<br />

Eles acham que surtos de depressão podem ser úteis, forçando as pessoas a um tipo de<br />

hibernação emocional e dando-lhes tempo para refletir sobre seus erros. Mas tal<br />

estratégia, se mantida ou repetida por muito tempo, se torna não adaptativa, ou mesmo<br />

fatal, transformando-se na assustadora doença chamada depressão profunda.”<br />

Portanto, da próxima vez que você tiver alguma dificuldade para entender certos<br />

fenômenos relacionados ao comportamento social humano (quem sabe um pouco de<br />

melancolia num daqueles dias chuvosos de inverno), não hesite em enfiar neles a Seleção<br />

Natural. Sim, afinal, ela é o remédio para todos os males, com exceção, é claro, daqueles<br />

relacionados às fantasias dessa galerinha ouriçada de Darwin!<br />

Bom, mas “para não dizer que não falei de flores”, vai aqui as palavras de Stephen<br />

Jay Gould, um darwinista não-dogmático e um crítico contumaz da sociobiologia<br />

darwinista: “Qual é a evidência direta do controle genético sobre comportamento sociais<br />

humano específicos? No momento, a resposta é nenhuma. (Não seria impossível, em tese,<br />

obter-se tal prova através de experiências padronizadas e controladas de culturas, só que<br />

não criamos gente em tubos de Drosophila, nem estabelecemos linhagens puras ou<br />

controlamos o meio ambiente para uma educação invariável).”<br />

É isso!<br />

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