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segunda jazida afastada alguns quilômetros da primeira forneceu mais tarde outros<br />

fragmentos de um segundo crânio com um molar isolado.<br />

A formação geológica que contém todos estes restos é uma mistura de areia e<br />

cascalho pouco espessa, cobrindo uma superfície topográfica situada a cerca de 25<br />

metros acima do talweg dos vales correspondentes. Esta camada de cascalho e areia<br />

encerra uma fauna onde os calhaus rolados atestam o desmantelamento de formações<br />

mais antigas da idade pliocênica, assim como na indústria de lascas do tipo clactonenselevailoisense.<br />

Mesmo que se admita que estas camadas não sofreram modificações<br />

posteriormente à sua formação (o que não é absolutamente seguro), a sua idade continua<br />

ainda incerta porque tem sido, conforme, os autores, atribuída ao 1º , 2º ou 3º<br />

interglaciares; a indústria que contém apoiaria tipolgicamente a segunda opinião.<br />

Os vestígios ósseos humanóides, que daí provêm, apresentam uma associação de<br />

caracteres bastante paradoxal: enquanto que a caixa craniana reconstituída se<br />

aproxima da dos homens atuais, a mandíbula e a dentição são perfeitamente simiescas.<br />

As controvérsias, que desde as primeiras descobertas opuseram entre si os mais<br />

eminentes antropologistas, diziam,também, respeito à contemporaneidade de todas estas<br />

peças, à sua antiguidade e idade real e sobretudo à atribuição a um mesmo individuo e a<br />

uma mesma espécie do crânio e da mandíbula encontrados na primeira jazida. No seu<br />

livro sobre Os Homens Fósseis, Boule discutia longamente estes diversos pontos de vista;<br />

não tendo surgido depois dessa obra recomendamos esse trabalho para quem queira<br />

mais amplos esclarecimentos.<br />

Foram tentadas várias reconstituições do primeiro crânio por diversos autores:<br />

Smith Woodward, E. Smith, A. Keith, Weinert. Todos diferem entre si sobre vários<br />

pontos, mas todos estão de acordo em revelar que se trata de um crânio que se assemelha<br />

em muitos pontos de vista ao do Homo sapiens atual: pela forma geral, pela capacidade<br />

de 1.350 c. c. pelo perfil frontal e occipital pela ausência de tórus circum-orbital e<br />

estrutura da região temporal e mastóidea, etc. Em contrapartida, a moldagem<br />

endocraniana revela, segundo Elliot-Smith, caracteres primitivos e simiescos<br />

absolutamente surpreendentes. Enfim, todos os ossos são particularmente espessos e<br />

maciços como nos antropóides e nos homineos primitivos.<br />

A mandíbula apresenta um enorme canino saliente, urna região sinfisária longa e<br />

fortemente inclinada para trás, assim como uma série dental retilínea, formada por<br />

molares alongados, idênticos, na sua estrutura, aos dos chimpanzés; o aspecto geral<br />

desta mandíbula é nitidamente antropóide e, como o fez notar Boule, se tivesse sido<br />

encontrada isolada, ninguém teria discutido a sua atribuição a um antropóide do<br />

Quaternário. Há, também, autores que pensam que esta mandíbula não pertence ao<br />

crânio com o qual foi encontrada; foi a primeira opinião de Boule; é a de Miller, de<br />

Gregory e este propôs o nome de Pan vetus para designar o chimpanzé fóssil a que teria<br />

pertencido. Mas não é essa a opinião de Smith Woodward, de Keith, nem, também, de<br />

Boule, para os quais crânio e mandíbula pertencem a um único e mesmo ser de<br />

caracteres mistos.<br />

Os restos do segundo crânio, descobertos a alguns quilômetros do primeiro,<br />

compreendem em particular um fragmento de frontal que (partindo do principio que é<br />

da mesma idade que o outro), confirma a ausência de viseira supra-orbital já observada<br />

no anterior. Um pré-molar encontrado ao mesmo tempo é do mesmo tipo que os da<br />

primeira mandíbula, o que favoreceria a opinião de Smith Woodward.<br />

Seja como for, as diversas tentativas de reconstituição, de que se tratou, fizeram<br />

salientar, conforme as tendências dos seus autores, ou os caracteres “humanos” do fóssil<br />

de Piltdown ou, pelo contrário, os seus caracteres «primitivos». A atribuição da<br />

mandíbula chimpanzóide continua a ser a grande dificuldade; dois pontos de vista se<br />

apresentam irreconciliáveis: 1º o ponto de vista que, fazendo abstração da mandíbula,<br />

quer ver no “Homem de Piltdown” um precursor direto do Homo sapiens representando<br />

um ramo distinto dos Pitecantropídeos e dos Neandertalenses; 2° o ponto de vista para o<br />

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