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23 de novembro de 1859, dia anterior ao da publicação do seu livro revolucionário,<br />

Charles Darwin recebeu uma carta extraordinária do seu amigo Thomas Henry Huxley,<br />

oferecendo-lhe caloroso apoio no conflito que se aguardava e até mesmo o sacrifício<br />

supre mo: "Estou preparado para me expor, se necessário ... estou afiando minhas<br />

garras em prontidão." Mas a carta continha também um aviso: "Você arcou com uma<br />

dificuldade desnecessária ao adotar tão sem reservas o princípio de que Natura non facit<br />

saltum.<br />

A frase latina, usualmente atribuída a Lineu, afirma que "a natureza não dá<br />

saltos.” Darwin era um adepto estrito a esse velho mo te. Como discípulo de Charles<br />

Lyell, o apóstolo do gradualismo na geologia, Darwin concebia a evolução como um<br />

processo solene e ordeiro, trabalhando a uma velocidade tão lenta que ninguém poderia<br />

ter esperança de observá-lo no espaço de uma vida. Antepassados e descendentes,<br />

argumentava Darwin, devem ser ligados por "elos de transição infinitamente<br />

numerosos" formando "os mais refinados passos graduados.” Só um imenso intervalo de<br />

tempo permitira a um processo tão moroso realizar tanto.<br />

Huxley sentia que Darwin estava cavando uma sepultura para sua própria teoria.<br />

A seleção natural não requeria qualquer postula do quanto às taxas: podia operar<br />

igualmente bem se a evolução prosseguisse com rapidez.” E mais à frente: "Como<br />

acentuam vários outros ensaios, defendo a posição de que a ciência não é uma máquina<br />

objetiva e dirigida para a verdade, mas uma atividade quintessencialmente humana,<br />

afetada por paixões, esperanças e preconceitos culturais. Tradições culturais de<br />

pensamento influenciam fortemente as teorias científicas, dirigindo com frequência as<br />

linhas de especulação, em especial (como neste caso) quando virtualmente não existem<br />

informações para constranger a imaginação ou preconceito. No meu próprio trabalho<br />

(ver os ensaios 17 e 8) fiquei muito impressionado pela poderosa e infeliz influência que o<br />

gradualismo exerceu sobre a paleontologia por meio do velho mote natura non facit<br />

saltum (a natureza não dá saltos). O gradualismo, a ideia de que toda a mudança deve<br />

ser suave, lenta e contínua, nunca foi lido a partir das rochas. Constituiu um preconceito<br />

cultural comum, em parte uma resposta do liberalismo do século XIX a um mundo em<br />

revolução. Mas continua a colorir nossa supostamente objetiva interpretação da história<br />

da vida.” 209<br />

Parece claro que os esporádicos “saltos” defendidos por Huxley e os “equilíbrios<br />

pontuados” de Gould, nada mais foram do que tentativas para salvar Darwin do caos<br />

epistêmicos. O gradualismo rígido e seu mantra natura non facit saltum se mostraram<br />

fracassados diante da extrema raridade das formas de transição no registro fóssil. A<br />

Natureza não apenas “dá saltos” como, em alguns casos, até chega a suplantar os “grandes<br />

saltos.”<br />

É isso!<br />

Teoria da sugestão<br />

A evolução é um fato, repetem enjoativamente os<br />

zeladores de Darwin, confundindo a simples "evolução"<br />

(mudanças no decorrer dos tempos) com a Teoria da Evolução.<br />

Todavia, quem se prestar a analisar, por exemplo, a maciça<br />

divulgação que se faz dos "fatos" relacionados a tal "fato",<br />

notará logo de cara a utilização da linguagem de maneira<br />

tendenciosa. Normalmente aquilo que apenas SUGERE, nos<br />

títulos aparece como algo concretizado e empiricamente<br />

comprado, logo, factual. A par disto, selecionei a esmo uns 20<br />

212

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