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dogmas religiosos vigentes na época, mas de seus próprios juízos de valor e de quaisquer<br />

influências sociais. Em outras palavras, Darwin teria sido um observador neutro e<br />

imparcial.<br />

Diz ele em sua autobiografia que, quando começou a estudar o material recolhido<br />

em sua viagem, procurou seguir uma metodologia clara: “Inspirei-me para este trabalho<br />

nos princípios de Bacon: sem teoria preconcebida, colecionei fatos (muito especialmente<br />

aqueles relacionados com as espécies domésticas), distribuí questionários impressos,<br />

conversei com hábeis criadores e jardineiros e li enormemente”. Nota-se que possuía, ao<br />

menos, grande honestidade científica; não pretendia que suas convicções pessoais<br />

influenciassem o resultado, que deveria surgir naturalmente, da simples confrontação<br />

dos fatos. Seria isto possível?” (p. 39)<br />

“A crença na herança dos caracteres adquiridos também parece remontar àquela<br />

época. No mesmo diário, quando fala dos habitantes da Terra do Fogo, diz: “A Natureza,<br />

que tudo prevê pela onipotência do hábito e dos seus efeitos hereditários, amoldou o<br />

fogueano ao clima e aos produtos de sua miseranda pátria.”<br />

Aqui aparece uma faceta indisfarçável do modo de pensar de Darwin, que é sua<br />

visão colonialista, sua óptica estritamente britânica. Diante de sua vasta obra, tropeçase<br />

a todo momento nessa sua forma particular de observar, principalmente nas<br />

passagens em que se refere aos povos “selvagens”...<br />

As convicções íntimas de Darwin não deixam de aparecer em sua obra. Não<br />

poderia ser impermeável às influências sociais do meio em que viveu. E, por uma série de<br />

razões que veremos adiante, o meio social daquela época também não poderia ser<br />

impermeável a Darwin” (p. 40, 41).<br />

VISÃO COLONIALISTA<br />

“A Coroa inglesa tinha tomado consciência de que, para lucrar no estrangeiro, não<br />

era suficiente apenas ter dinheiro, mas, acima de tudo, conhecer a ambiente que vai ser<br />

explorado. Portanto, informações de todo tipo eram fundamentais. O trabalho de<br />

naturalistas, como Darwin, era essencial para as pretensões coloniais das grandes<br />

potências, como a Inglaterra. Os Estados Unidos precisaram passar pela guerra do<br />

Vietnã para dar a devida importância ao trabalho dos naturalistas (p. 52).<br />

“É muito provável que a tarefa de Darwin no fosse de encontrar minas, visto que<br />

nisso no tinha nenhuma experiência. Sua tarefa parecia consistir em observar,<br />

reconhecer os ambientes economicamente importantes para a Coroa Inglesa. Já naquela<br />

altura as matérias-primas eram cada vez mais necessárias para um país que passava<br />

por uma revolução industrial” (p. 53).<br />

“A tarefa do Beagle e de sua tripulação, inclusive Darwin, era muito parecida com<br />

a dos satélites de sensoreamento remoto de hoje. É muito difícil saber com precisão quais<br />

os planos que o Almirantado e a Coroa tinham para a região. O próprio Darwin não fala<br />

em seu diário se devia seguir um roteiro predeterminado, mas pode-se inferir que a<br />

coincidência entre sua rota e as minas não seja casual. O que espanta é que ele não tenha<br />

desconfiado dos interesses do governo nas suas informações. Até o fim da vida falava do<br />

caráter filantrópico da expedição. Essa falta de percepção não parece ser um atributo<br />

comum aos maiores cientistas de todos os tempos...” (p. 54).<br />

A LÓGICA DO CAPITAL<br />

“Pelas passagens já reproduzidas e por tantas outras que se encontram em seus<br />

escritos, não resta dúvida de que Darwin era um cidadão orgulhoso de sua<br />

nacionalidade. Mais do que isto, estava convicto de que a sociedade baseada na<br />

competição generalizada era a única forma de se atingir o estágio “superior” de<br />

“civilização”. Ainda jovem, a bordo do Beagle, lamentou as relações igualitárias que os<br />

índios da Terra do Fogo mantinham. Escreveu ele em seu diário: “A perfeita igualdade<br />

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