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[...]<br />

Com a descoberta de fósseis mais antigos, verificou-se que o Homem de Piltdown<br />

era mesmo uma excrescência: não cabia em lugar algum. Esses novos fósseis mostravam<br />

crânios menos humanizados e mandíbulas mais humanizadas. A única hipótese cabível<br />

seria admitir duas (ou mais) linhas evolutivas para que, numa delas, se pudesse encaixar<br />

aquele estranho fóssil.<br />

[...]<br />

Por volta de 1949 havia sido desenvolvido um método de datação baseado no fato<br />

de que ossos enterrados absorvem flúor do solo e que a quantidade absorvida aumenta<br />

com o tempo durante o qual permaneceram soterrados. Esse método é de tal forma<br />

seguro que, quando numerosos ossos são encontrados juntos, o teste do flúor diz<br />

claramente quais são os mais velhos. Aplicado o método aos ossos de Piltdown, verificouse<br />

algo extraordinário: tanto o crânio como o maxilar inferior do suposto Eoanthropus<br />

continham apenas traços de flúor, enquanto que os demais fósseis (de elefante e<br />

hipopótamo) possuíam grandes quantidades. A redução da idade do suposto fóssil de<br />

500.000 anos para talvez não mais de 50.000 tornou-se um absurdo evolutivo: não<br />

tinha ancestrais, não produzira descendentes, não podia representar um animal préhumano<br />

(pois Homo sapiens já existia naquela época), não poderia ser um macaco (seu<br />

crânio era humano e nunca houve macacos por ali) e não poderia ser um Homem (sua<br />

mandíbula era de macaco)!<br />

O assunto voltou a ser reconsiderado em 1953. Sabia-se que havia uma importante<br />

característica humana nos dentes supostamente de macaco e esse fato sustentava a<br />

hipótese de que fósseis que apresentassem traços de ambos só poderiam ser restos de<br />

formas intermediárias. Mas havia ainda a possibilidade de que as características<br />

“humanas” tivessem sido deliberadamente dadas a dentes de macacos atuais. Essas<br />

características representavam apenas uma forma especial de desgaste — e, obviamente,<br />

desgastar um dente de um modo especial é tarefa que um especialista pode fazer com<br />

facilidade. E o aspecto de “fósseis” que as peças apresentavam? A única explicação seria<br />

que elas teriam sido artificialmente pintadas com uma cor especial. Análises químicas<br />

revelaram que a mandíbula e os dentes continham uma quantidade de nitrogênio e de<br />

carbono orgânico igual à de materiais modernos. A calota craniana continha muito<br />

menos. Outras análises químicas e a microscopia eletrônica confirmaram que o maxilar<br />

inferior era moderno e havia sido colorido artificialmente para se parecer com a calota<br />

craniana. Examinou-se o material sob o aspecto anatômico e suas conclusões<br />

superpuseram-se às da Química e da Microscopia.<br />

Em 1913, um exame radiográfico da mandíbula parecia revelar que as raízes<br />

dentárias eram curtas demais para serem de macaco. Em 1953, novas radiografias<br />

mostraram que elas se mostravam muito mais longas do que se pensou — exatamente<br />

como acontece nos macacos modernos. Além disto, um estudo mais profundo revelou,<br />

sem sombras de dúvida, o que já se suspeitava: o desgaste encontrado nos dentes tinha<br />

uma posição que não é natural e, por isto, deveria ter sido artificialmente produzido, isto<br />

é, não era resultante da mastigação. O microscópio ainda revelou que esse desgaste<br />

compunha-se de “arranhões” que só poderiam ter sido provocados por algum abrasivo.<br />

Mais ainda: material plástico tinha sido posto no canal do canino para diminuir-lhe o<br />

tamanho. Esse fato, não revelado pela radiografia antiga, tornou-se claro com<br />

radiografias de 1953, realizadas num ângulo mais conveniente.<br />

Verificou-se, então, que a mandíbula, já sabidamente de macaco moderno, deveria<br />

ter vindo de um orangotango. Experiências de simulação foram feitas com dentes desse<br />

animal e eles se mostraram iguais aos supostos “fósseis”. Com esses artifícios, foram<br />

reproduzidos o maxilar inferior e um canino do suposto Eoanthropus. Chegou-se até a<br />

suspeitar de que o “Homem” de Piltdown era, pela mandíbula, um orangotango fêmea e<br />

jovem. Faltava desmascarar os implementos e os fósseis de animais encontrados junto a<br />

Eoanthropus. Os instrumentos de sílex representavam lascas grosseiras que poderiam<br />

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