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3. THOMAS MALTHUS:<br />

"Ainda na Inglaterra, agora no auge do imperialismo do século XIX, Thomas<br />

Malthus defendeu que a vida em sociedade era, essencialmente, uma luta pela<br />

sobrevivência, dada a escassez de recursos em relação ao crescimento populacional.<br />

Herbert Spencer, em consonância com Malthus, pontificou que os vencedores da luta pela<br />

sobrevivência eram aqueles mais aptos, que superavam, por suas qualidades intrínsecas,<br />

as raças, classes e indivíduos inferiores e menos competentes." E conclui indagando:<br />

"Luta pela sobrevivência e sobrevivência dos mais aptos são conceitos advindos da teoria<br />

social liberal, elaborada no auge do enriquecimento da elite colonialista inglesa e da<br />

exploração e empobrecimento das classes e povos julgados inferiores. O que fez Darwin,<br />

a quem se atribui equivocadamente a autoria destas idéias supondo que ele as teria<br />

descoberto no estudo da natureza?"<br />

Não há dúvidas de que o fundamento que alavancou inicialmente o darwinismo foi<br />

de natureza ideológica, o que refletia a própria cultura expansionista e imperialista da<br />

Inglaterra naquele momento. Dessa forma, ao se opor à escravidão, Darwin não o fazia por<br />

um ideal humanístico, mas, pelo que tudo indica, apenas por ser esta a posição oficial de<br />

sua pátria amada. Lembrando que o fim do tráfico no Brasil deu-se por pressão dos<br />

ingleses, os quais visavam com isso aumentar seus lucros entre os tupiniquins: "As<br />

pressões inglesas para abolir o tráfico escravo agravaram a situação de escassez de<br />

trabalhadores nas fazendas de café. Em troca da intermediação da Inglaterra junto a<br />

Portugal para que este reconhecesse a Independência, o governo brasileiro<br />

comprometeu-se a extinguir o tráfico em 1831. Entretanto, o decreto regencial proibindo<br />

o comércio negreiro não foi respeitado. Em conseqüência, o Parlamento inglês votou o<br />

Bül Aberdeen (1845), que proibia o tráfico de escravos para o Brasil e autorizava a<br />

repressão aos infratores da lei inglesa. Em razão dos riscos criados pela repressão ao<br />

tráfico, elevou-se a tal ponto o preço do escravo que sua aquisição ficou inviabilizada<br />

para muitos fa-zendeiros. Mesmo assim, o comércio negreiro continuou de forma<br />

significativa até 1850.<br />

A luta dos ingleses contra o tráfico de escravos não tinha qualquer caráter<br />

humani-tário. A Inglaterra preocupava-se primordial-mente em defender seus interesses<br />

econômicos, pois como nação industrial buscava am-pliar o mercado consumidor para<br />

seus pro-dutos.<br />

Não foi por outra razão que a Inglaterra aboliu a escravidão em suas colônias do<br />

Ca-ribe. Porém, naquele momento, a produção agrícola realizada pelo negro livre<br />

revelou-se mais cara do que a feita em regime de es-cravidão, tornando os produtos<br />

caribenhos pouco competitivos no mercado internacional.<br />

Assim, ao impor a extinção do tráfico de escravos para o Brasil e defender a<br />

adoção do trabalho livre, a Inglaterra estava preocu-pada não só em garantir mercados<br />

para seus produtos industriais como também em asse-gurar a competitividade dos<br />

produtos agríco-las de suas colônias. Portanto, a decretação do Bill Aberdeen em 1845<br />

representou, na verdade, um poderoso instrumento de defesa da acumulação capitalista<br />

inglesa." 103<br />

O título inicial do famoso livro de Darwin ("Sobre a Origem das Espécies por Meio<br />

da Seleção Natural ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida") sintetiza<br />

muito bem a premissa capitalista de soberania do "mais forte", refletindo a supremacia<br />

econômica dos ingleses e de seus interesses em "trazer café e levar Nescafé."<br />

É isso!<br />

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