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O darwinismo como unanimidade acadêmica<br />
“Toda unanimidade é burra”, dizia o polêmico autor de<br />
“Bonitinha, mas ordinária”, Nelson Rodrigues. Obviamente que<br />
tal frase deve permanecer restrita ao tipo de unanimidade que<br />
impede a reflexão e cujo fundamento é o indiferentismo político,<br />
social e intelectual. Em outras palavras, é algo que se aceita<br />
simplesmente por uma necessidade ideológica, ou seja, porque<br />
convém às aspirações e anseios de seu tutor.<br />
No âmbito específico das teorias científicas, é emblemático<br />
o exemplo da antiga Teoria da Flogística. Embora o “flogístico”<br />
fosse um elemento misterioso e quimérico, durante cem anos foi<br />
considerado unanimidade acadêmica à prova de qualquer questionamento. Em todo o<br />
tempo em que foi prestigiada pelos mais respeitados acadêmicos, a flogística rejeitava<br />
veementemente qualquer teoria alternativa aos seus maravilhosos dogmas. Diante de uma<br />
unanimidade intelectual tão nobre, os fatos tinham pois que se curvar à “verdade”, ainda<br />
que à base do psicoterror acadêmico. Foi assim que homens considerados importantes<br />
para a ciência, ficaram por décadas incapazes de compreenderem as implicações de seus<br />
próprios trabalhos, permanecendo presos sob a “cadeia de força” da nomenclatura<br />
científica da época. Mas tudo isso faz parte da “estrutura das revoluções científicas.”<br />
Thomas Kuhn explica.<br />
A versão moderna da Flogística chama-se “Teoria da Evolução”, um paradigma<br />
amplamente aceito pela elite acadêmica. É claro, com as boas e necessárias exceções. Sobre<br />
isso, comenta o biólogo molecular Michael Denton (“Evolution”): “Não é difícil deparar-se<br />
com inversões do senso comum no pensamento evolucionista moderno, as quais lembram<br />
surpreendentemente a ginástica mental dos químicos flogísticos... O darwinista, em vez<br />
de questionar a estrutura ortodoxa como o bom senso parece impor, buscando justificar<br />
a sua posição por meio de propostas ad hoc... que para os céticos são racionalizações<br />
auto-evidentes para neutralizar o que é, em face disso, evidência negativa.”<br />
Ser darwinista no âmbito acadêmico hoje em dia, é sinônimo de grandeza<br />
intelectual. Para seus defensores, não há, hoje, nenhuma alternativa puramente científica<br />
que postule um alicerce puramente materialista para a Biologia. Embora a evidência<br />
cumulativa da ciência para seus dogmas seja um jibóico paradoxo, o darwinismo<br />
permanece ostentando, tal qual a antiga flogística, uma unanimidade à prova de qualquer<br />
suspeita. Já faz tempo que substituiu a característica própria de teorias realmente<br />
científicas, para assumir dissimuladamente sua posição de doutrina, mantra e dogma. Não<br />
há buraco epistemológico que ele não se tenha feito passar. Se antes “nada fazia sentido na<br />
Biologia exceto à luz da evolução” (Dobzhansky), hoje este poder de atuação ampliou-se, e<br />
de tal maneira que nada faz sentido também na Psicologia, na Filosofia, na Sociologia e até<br />
mesmo na Teologia sem o dedo de Darwin (Dawkins, Dennett, Sam Harris, Francis Collins<br />
etc.). Michael Behe (“A Caixa Preta de Darwin”) discorre um pouco sobre isso: “A ideia de<br />
Darwin tem sido usada para explicar o bico do tentilhão, os cascos de cavalos, a<br />
coloração das mariposas e dos insetos operários, e a distribuição da vida em todo o globo<br />
c ao longo das eras. A teoria foi ampliada por alguns cientistas para interpretar até<br />
mesmo o comportamento humano: por que pessoas cm desespero cometem suicí-dio, por<br />
que adolescentes têm filhos fora do casamento, por que alguns grupos se saem melhor em<br />
testes de inteligência do que outros, por que missionários religiosos renunciam ao<br />
casamento e a filhos. Nada há ne-nhum órgão ou ideia, nenhum sentido ou pensamento,<br />
que não tenha sido objeto de elucubrações evolutivas.”<br />
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