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outra, reduzindo seus preços. Esta reage, reduzindo-os ainda mais. E assim por diante.<br />

Golpes - na forma de redução de preços - são trocados. Dentro em pouco, os preços estão<br />

abaixo do custo de produção. Quem ganhará a luta? É evidente também que quanto<br />

maior a escala de produção, tanto menores os custos. Isso significa que as companhias<br />

maiores e mais fortes têm vantagem inicial. Mas é a capacidade de resistir que conta. E a<br />

capacidade de resistir, nessa luta, é medida pelas reservas de capital, que determinam o<br />

tempo de resistência. A firma com maior volume de capital é a mais forte. Os preços<br />

reduzidos a deixam assustada, mas deixam seu adversário tonto, e, dentro em pouco,<br />

completamente derrotado.” 256<br />

É fato inconteste que Charles Darwin, ao elaborar seu conceito de Seleção Natural,<br />

cujo pano de fundo era a "luta pela sobrevivência", tomou de empréstimo e adaptou as<br />

idéias do economista Thomas Malthus à sua teoria sobre evolução. É também notório que<br />

este conceito, tanto em Darwin quanto em Wallace, deu-se num contexto histórico de<br />

expansão econômica das grandes nações européias, com mais destaque para a Inglaterra.<br />

O lema “a sobrevivência do mais apto” (ou “sobrevivência do mais forte”), portanto, neste<br />

contexto histórico específico, foi tremendamente oportuno para os gananciosos objetivos<br />

dos poderosos capitalistas europeus e americanos. A competição no âmbito do comércio<br />

tornava-se assim mero reflexo da luta sangrenta que se observava na Natureza.<br />

Em a “Era do Capital” 257, Eric J. Hobsbawm nos oferece uma pequena visão de<br />

como funcionava a lógica e a ideologia desses capitalistas: “Poucos dos milionários da<br />

primeira geração fizeram sua carreiras em um único ramo de atividade. Huntington<br />

começou vendendo material pesado para mineiros da corrida do ouro em Sacramento.<br />

Talvez seus fregueses incluíssem o magnata da carne Philip Armour (1832-1901), que<br />

tentou a sorte nas minas antes de entrar no negócio de armazéns em Milwaukee, que<br />

permitiu-lhe fazer fortuna no decorrer da Guerra Civil. Jim Fisk trabalhou em circo,<br />

garçom de hotel, mascate e vendedor ambulante antes de descobrir as possibilidades de<br />

contratos de guerra e, depois, a bolsa de valores. Jay Gould foi, por seu turno, cartógrafo<br />

e mercador de peles, antes de descobrir o que se podia fazer com estradas de ferro.<br />

Andrew Carnegie (1835-1919) não concentrou suas energias no ferro até completar 40<br />

anos. Começou como telegrafista, continuou como executivo de estradas de ferro – sua<br />

renda já feita através de investimentos cujo valor crescia rapidamente –, entrou em<br />

petróleo (que iria ser o campo escolhido por John D. Rockefeller, que começou a vida<br />

como atendente e livreiro em O hio), enquanto gradualmente seguiu em direção à<br />

indústria que iria dominar. Todos estes homens eram especuladores e estavam prontos<br />

para seguir em direção do dinheiro grosso, onde quer que ele se encontrasse. Nenhum<br />

deles tinha ou poderia ter escrúpulos de forma excessiva, numa era e numa economia<br />

onde fraude, suborno, calúnia e, se necessário, revólveres eram aspectos normais da<br />

competição. Todos eram homens duros e todos olhariam as questões concernentes à<br />

honestidade de suas atividades como sendo consideravelmente menos relevantes para<br />

seus negócios do que sua esperteza. Não era por acaso que o "darwinismo social"<br />

explicava, de forma dogmática, que aqueles que subiam ao topo de tudo eram os<br />

melhores, porque eram os mais capazes de sobreviver na selva humana, teoria que se<br />

transformou na teologia nacional do final do século XIX nos Estados Unidos.”<br />

Em seu famoso artigo “Sobre a tendência das variedades a afastarem-se<br />

indefinidamente do tipo original”, o também naturalista Alfred Wallace, considerado o<br />

descobridor da Seleção Natural, juntamente com Darwin, sintetiza esta visão competitiva<br />

entre os seres vivos da seguinte forma: “A vida dos animais selvagens é uma luta pela<br />

existência. O empenho completo de todas as suas faculdades e energias é exigido para<br />

preservar sua própria existência e sustentar sua prole infantil. A possibilidade de<br />

conseguir alimento durante as estações menos favoráveis e escapar aos ataques de seus<br />

inimigos mais perigosos são as condições primárias que determinam a existência tanto<br />

dos indivíduos quanto da espécie inteira. Estas condições também determinarão a<br />

população de uma espécie e, por uma consideração cuidadosa de todas as circunstâncias,<br />

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