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Segundo ele, o naturalista inglês fez uso deste termo pelo menos com nove ou dez<br />

significados diferentes. Hodge, porém, destaca apenas dois sentidos para Seleção Natural,<br />

os quais sintetizam muito bem os ideais de Darwin ao difundir tal conceito:<br />

1 – “Natural” como antagônico à “artificial”, ou seja, um tipo de “seleção” realizada por<br />

intermédio da ação humana com o intuito de se alcançar um determinado objetivo.<br />

2 – “Natural” como oposto a “sobrenatural”, isto é, algo originado a partir de um poder<br />

superior agindo na natureza.<br />

Desta forma, resume Hodge: “Al fazer uso da expressão “seleção natural”, o Sr.<br />

Darwin tenciona excluir a possibilidade de um desenho ou de causas finais.” E, também<br />

assim, sintetiza Cervantes: “Por meio da construção denominada “Seleção Natural”, o<br />

objetivo dos textos de Darwin consiste em excluir desenhos e causas finais de sua descrição<br />

da natureza. Ao menos é assim para uma mente sincera do século XIX como à de Charles<br />

Hodge.”<br />

Bem. Foi seguindo por este atalho, que me embrenhei em Darwin a fim de encontrar<br />

alguma pista que realmente pudesse confirmar tais suspeitas. E, não foi assim tão difícil.<br />

Se não, vejamos nas próprias palavras deste naturalista como este confronto (“natural” vs<br />

“sobrenatural” ou “aleatoriedade vs propósito”) se faz tão nítido quanto a luz no pino do<br />

meio dia. Note-se, nos textos a seguir, como Charles Darwin realça esta “oposição”,<br />

demonstrando assim seu objetivo ideológico em afirmar sua filosófica posição naturalista.<br />

1 - Do livro: “A expressão das emoções no homem e nos animais.” Charles Darwin.<br />

Companhia da Letras. São Paulo, 2009: “A crença de que o rubor foi especialmente<br />

designado pelo Criador opõe-se à teoria geral da evolução, hoje em dia ampla mente<br />

aceita; mas não é minha tarefa aqui discutir a questão geral. Aqueles que acreditam no<br />

desígnio terão dificuldades para explicar por que a timidez é a mais comum e eficiente<br />

das causas de rubor, se faz sofrer quem enrubesce e constrange quem observa, sem ter a<br />

menor utilidade para qualquer um dos dois. Também terão dificuldades para explicar<br />

por que negros e outras raças de pele escura enrubescem, já que neles a mudança de cor<br />

na pele é quase ou totalmente invisível” (p. 287).<br />

2 - Do livro: "A Origem das Espécies, no meio da seleção natural ou a luta pela existência<br />

na natureza.” Charles Darwin. Tradução do doutor Mesquita Paul. Lello & Irmão –<br />

Editores. Porto, 2003: "Ora, posto que numerosos pontos sejam ainda muito obscuros, se<br />

bem que devem ficar, sem dúvida, inexplicáveis por bastante tempo ainda, vejo-me,<br />

contudo, após os estudos mais profundos e uma apreciação fria e imparcial, forçado a<br />

sustentar que a opinião defendida até a pouco pela maior parte dos naturalistas, opinião<br />

que eu próprio partilhei, isto é, que cada espécie foi objeto de uma criação independente,<br />

é absolutamente errônea. Estou plenamente convencido que as espécies não são<br />

imutáveis; estou convencido que as espécies que pertencem ao que chamamos o mesmo<br />

gênero derivam diretamente de qualquer outra espécie ordinariamente distinta, do<br />

mesmo modo que as variedades reconhecidas de uma espécie, seja qual for, derivam<br />

diretamente desta espécie; estou convencido, enfim, que a seleção natural tem<br />

desempenhado o principal papel na modificação das espécies, posto que outros agentes<br />

tenham nela partilhado igualmente" (p. 18).<br />

[...]<br />

"A seleção natural opera apenas pela conservação e acumulação de pequenas<br />

modificações hereditárias de que cada uma é proveitosa ao indivíduo conservado; ora,<br />

da mesma forma que a geologia moderna, quando se trata de explicar a escavação de um<br />

profundo vale, renuncia a invocar a hipótese de uma só grande vaga diluviana, da<br />

mesma forma a seleção natural tende a fazer desaparecer a crença na criação contínua<br />

de novos seres organizados, ou nas grandes e inopinadas modificações da sua estrutura"<br />

(p. 110).<br />

[...]<br />

"Quem acredita nos atos numerosos e separados da criação, pode dizer que, nos<br />

casos desta natureza, aprouve ao Criador substituir um indivíduo pertencendo a um tipo<br />

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