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"A ideologia do DNA" ou “A mão invisível<br />

de Darwin”<br />

Até que ponto o comportamento humano é<br />

determinado por variáveis biológicas?<br />

Bem, de acordo com a ideologia determinista, até<br />

mesmo o simples ato de gostar de chocolate, em última<br />

análise, seria conseqüência dos genes.<br />

Em seu livro “A Falácia Genética: a ideologia do DNA<br />

na imprensa” 298, Cláudio Tognolli resume esta visão<br />

ideológica, que de algum modo mantém um entrelaçamento<br />

com certa tendência darwinista, a chamada Psicologia Evolucionista ou Sociobiologia. Diz<br />

ele:<br />

“Resumindo: todas as estruturas sociais, seja qual for o grupo zoológico estudado,<br />

obedecem a um determinismo genético. Por essa teoria, a origem de todos os<br />

comportamentos surge da tendência de cada um de nós querer reproduzir os seus<br />

próprios genes. Seríamos títeres, sem importância, comandados pela vontade dos genes<br />

— algo muito parecido com aquela “vontade” do Schopenhauer de O mundo como<br />

vontade e representação, que tanto ajudou filosoficamente Sigmund Freud na teorização<br />

de sua teoria das pulsões. Nossa visão: o ser humano de Wilson obedecia à vontade dos<br />

genes, algo de dentro para fora. Agora, pelo que vemos na mídia, o movimento se<br />

inverte: a biotecnologia é vendida como uma ciência capaz de tudo modificar de fora<br />

para dentro. E nesse ponto que a visão do geneticista Lewontin se torna mais<br />

importante: o gene não pode ser substituído como uma peça de computador, como<br />

requer o nosso espírito de época. Ele é, antes de tudo, social e psicológico. Refere<br />

Lewontin, o enfant-gatê da febre biologista que “a ciência, como outras atividades<br />

produtivas, como o Estado, a família, o esporte, é uma instituição social completamente<br />

integrada e influenciada pelas estruturas de todas as outras instituições sociais... Seus<br />

resultados são profundamente influenciados por predisposições que derivam da<br />

sociedade em que vivemos. Os cientistas não começam a vida como cientistas, mas como<br />

seres sociais imersos na família, no Estado, na estrutura produtiva, e eles vêem a<br />

natureza pelas lentes que foram moldadas pela sua experiência social, guiada e dirigida<br />

por forças no mundo que têm o controle do tempo e do dinheiro.”<br />

E, exatamente tratando do assunto, o mesmo Cláudio publica no seu referido livro<br />

uma rápida entrevista com Richard Lewontin (biólogo, PhD e professor do Centro de<br />

Pesquisas Alexander Agassiz da Universidade de Harvard), um dos mais ferrenhos críticos<br />

desta maléfica ideologia:<br />

O senhor acha que os cientistas em geral têm satanizado o gene?<br />

Lewontin<br />

Claro que o gene é “satanizado” pelos cientistas como também pela imprensa<br />

devido à crença no determinismo biológico. Se, assim, os nossos genes nos determinam<br />

por completo, então, obviamente, eles devem tornar “pessoas boas” boas e “pessoas<br />

ruins” ruins.<br />

Isto também serve como uma justificativa para a punição capital já que, se os<br />

crimes, como dizem, está nos genes, então nada pode ser feito a não ser eliminar os<br />

assassinos. Esta é a mesma ideologia que levou os nazistas a colocarem pessoas em<br />

câmaras de gás, já que eram consideradas “degeneradas” porque sua biologia as fazia<br />

degeneradas e, portanto, imutáveis. Agora, com certeza, as pessoas estão sugerindo<br />

consertar os genes, mas tudo isso é um grande nonsense.<br />

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