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por um outro pertencendo a um outro tipo, o que me parece ser o enunciado do mesmo<br />
fato numa forma aperfeiçoada. Quem, pelo contrário, crê na luta pela existência ou no<br />
princípio da seleção natural, reconhece que cada ser organizado tenta constantemente<br />
multiplicar-se em número; sabe-se, além disso, que se um ser varia por pouco que seja<br />
nos hábitos e na conformação, e obtém assim uma vantagem sobre qualquer outro<br />
habitante da mesma localidade, se apodera do lugar deste último, por mais diferente que<br />
seja do que ele ocupava primeiramente.<br />
Também se não experimenta surpresa alguma vendo gansos e fragatas com os pés<br />
palmados, posto que estas aves habitam a terra e se coloquem raramente sobre a água;<br />
codornizões de dedos alongados vivendo nos prados em lugar de viver nas lagoas;<br />
picanços habitando lugares desprovidos de árvores; e, enfim, melros ou himenópteros<br />
mergulhadores e alcatrazes tendo os costumes dos pingüins" (p. 197).<br />
[...]<br />
"A comparação entre o olho e o telescópio apresenta-se naturalmente ao espírito.<br />
Sabemos que este último instrumento foi aperfeiçoado pelos esforços contínuos e<br />
prolongados das mais altas inteligências humanas, e concluímos daí naturalmente que o<br />
olho se formou por um processo análogo. Será esta conclusão presunçosa? Temos o<br />
direito de supor que o Criador põe em jogo forças inteligentes análogas às do homem? Se<br />
quisermos comparar o olho a um instrumento óptico, devemos imaginar uma camada<br />
espessa de um tecido transparente, embebido de líquido, em contato com um nervo<br />
sensível à luz; devemos supor também que as diferentes partes desta camada mudam<br />
constantemente e lentamente de densidade, de forma a separar-se em zonas, tendo uma<br />
espessura e uma densidade diferentes, desigualmente distantes entre si e mudando<br />
gradualmente de forma à superfície. Devemos supor, além disso, que uma força<br />
representada pela seleção natural, ou a persistência do mais apto, está constantemente<br />
espiando todas as ligeiras modificações que afetem camadas transparentes, para<br />
conservar todas as que, em diversas circunstâncias, em todos os sentidos e em todos os<br />
graus, tendem a permitir a perfeição de uma imagem mais distinta. Devemos supor que<br />
cada novo estado do instrumento se multiplica por milhões, para se conservar até que se<br />
produza um melhor que substitua e anule os precedentes. Nos corpos vivos, a variação<br />
causa as ligeiras modificações, a reprodução multiplicas quase ao infinito, e a seleção<br />
natural apodera-se de cada melhoramento com uma segurança infalível. Admitamos,<br />
enfim, que esta marcha se continua durante milhões de anos e se aplica durante cada um<br />
a milhões de indivíduos; poderemos nós admitir então que se possa ter formado assim<br />
um instrumento óptico vivo, tão superior a um aparelho de vidro como as obras do<br />
Criador são superiores às do homem?" (p. 200-201).<br />
[...]<br />
"As observações precedentes levam-me a dizer algumas palavras sobre o protesto<br />
que fizeram alguns naturalistas contra a doutrina utilitária, após a qual cada<br />
particularidade de conformação se produziu para vantagem do seu possuidor.<br />
Sustentam que muitas conformações foram criadas por simples amor da beleza, para<br />
encantar os olhos do homem ou os do Criador (este último ponto, contudo, está fora da<br />
discussão científica), ou por mero amor da variedade, ponto que já discutimos. Se estas<br />
doutrinas fossem fundadas, seriam absolutamente fatais à minha teoria" (218).<br />
[...]<br />
"Este sistema é incontestavelmente engenhoso e útil. Mas muitos naturalistas<br />
julgam que o sistema natural comporta alguma coisa mais; crêem que contêm a<br />
revelação do plano do Criador; mas a menos que se não precise se esta expressão<br />
significa por si mesma a ordem no tempo ou no espaço, ou ambas, ou enfim o que se<br />
entende por plano de criação, parece-me que isto nada acrescenta aos nossos<br />
conhecimentos" (p. 474).<br />
[...]<br />
197