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newtoniana. A evolução e a quantificação formaram uma temível aliança; em certo<br />

sentido, sua união forjou a primeira teoria racista "científica" de peso, se definirmos<br />

"ciência" erroneamente, como muitos.” 62<br />

Já de início, Gould (para quem não conhece, um dos mais respeitados darwinistas,<br />

que morreu em 1982), faz menção de uma frase de T. H. Huxley, o fiel amigo de Charles<br />

Darwin, frase esta na qual aparece a medição como fator para determinar a suposta<br />

superioridade do branco em relação ao negro: “Nenhum homem racional, bem informado,<br />

acredita que o negro médio seja igual, e muito menos superior, ao branco médio. E, se<br />

isto for verdade, é simplesmente inadmissível que, uma vez eliminadas todas as<br />

incapacidades de nosso parente prógnato, este possa competir em condições justas, sem<br />

ser favorecido nem oprimido, e esteja habilitado a competir com êxito com seu rival de<br />

cérebro maior e mandíbula menor em um confronto em que as armas já não são as<br />

dentadas, mas as idéias.”<br />

Bem, diriam alguns: “esta mentalidade estava restrita a uma época na qual tais<br />

conceitos eram amplamente partilhados pela sociedade.<br />

Pois bem. Estando a visitar um conhecido site de notícias (BBC) 63, deparei-me com<br />

uma recente matéria em que de certa forma contradiz tal assertiva. Diz ela:<br />

Agressão pode estar 'escrita no rosto', diz pesquisa: “As tendências<br />

agressivas de um homem podem ser identificadas nos traços de seu rosto, segundo um<br />

estudo realizado por pesquisadores canadenses.<br />

"O formato do rosto foi determinado ao medir a distância entre as ossos acima das<br />

bochechas e dividindo essa medida pela distância entre as sobrancelhas e o lábio<br />

superior.<br />

Pelo estudo, quanto maior a proporção entre a largura e o comprimento do rosto,<br />

mais agressivo o jogador era.”<br />

E, agora, a conclusão:<br />

"Os resultados sugerem que o formato do rosto pode ter sido moldado pela<br />

evolução como uma marca da propenso à agressão.<br />

O próximo passo será analisar se as pessoas podem julgar, pelo formato do rosto,<br />

a personalidade de outros seres humanos.”<br />

Agora, vejamos mais uma a bem abalizada opinião de Gould, em seu referido livro<br />

"A Falsa Medida do Homem.”<br />

“A teoria evolucionista eliminou a base criacionista que sustentava o intenso<br />

debate entre os monogenistas e os poligenistas, mas satisfez ambas as partes<br />

proporcionando-lhes uma justificação ainda melhor para o racismo de que ambas<br />

compartilhavam. Os monogenistas continuaram a estabelecer hierarquias lineares das<br />

raças segundo seus respectivos valores mentais e morais; os poligenistas tiveram então<br />

de admitir a existência de um ancestral comum perdido nas brumas da pré-história, mas<br />

afirmavam que as raças haviam estado separadas durante um tempo suficientemente<br />

prolongado para desenvolver diferenças hereditárias significativas quanto ao talento e à<br />

inteligência.”<br />

Esta mesma notícia fez-me voltar, também, à Alemanha de Hitler, onde o processo<br />

de medição de cabeças era uma prática rotineira, com a qual se procurava saber se uma<br />

pessoa era ou não judia e, portanto, "inferior" do ponto de vista da "ciência" de Hitler.<br />

Como se vê, este fascínio não ficou restrito ao século XIX. Ele perpassou todo o<br />

século XX e chegou em pleno século XXI, tendo ainda a reboque a "pecha" da "evolução.”<br />

E, finalizando, resumo aqui, com as palavras do próprio Gould, como pensavam os<br />

racistas medidores de cabeças:<br />

1. Os racistas e sexistas científicos restringem seu rótulo de inferioridade a um único<br />

grupo socialmente relegado; mas a raça, o sexo e a classe andam juntos e são<br />

permutáveis. Embora os diferentes estudos tenham alcance limitado, a filosofia geral do<br />

determinismo biológico é sempre a mesma: as hierarquias existentes entre os grupos<br />

mais ou menos favorecidos obedeceriam aos ditames da natureza; a estratificação social<br />

60

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