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divina, o que remete à mesma questão, ou seja: ao darwinismo como arma de combate ao<br />
“obscurantismo religioso.” Escreveu ele: "Ocorreram, em anos recentes, rumores de que<br />
eu me opunha menos à ortodoxia religiosa do que antigamente. Tais rumores são<br />
inteiramente destituídos de fundamento. Considero todas as grandes religiões do mundo<br />
– budismo, cristianismo, islamismo e comunismo – não só falsas, como prejudiciais. É<br />
evidente, como questão de lógica, que, já que elas diferem entre si, apenas uma delas<br />
pode ser verdadeira. Com pouquíssimas exceções, a religião que um homem aceita é<br />
aquela da comunidade em que vive, o que torna óbvio que a influência do meio foi o que o<br />
levou a aceitar a referida religião. É verdade que os escolásticos inventaram o que<br />
declaravam ser argumentos lógicos provando a existência de Deus, e que tais<br />
argumentos, ou outros de teor semelhante, foram aceitos por muitos filósofos eminentes,<br />
mas a lógica a que esses argumentos tradicionais apelavam é um tipo de lógica<br />
aristotélica antiquada, hoje rejeitada, praticamente, por todos os lógicos, exceto os que<br />
são católicos. Entre esses argumentos, existe um que não é puramente lógico. Refiro-me<br />
ao argumento da prova teológica da existência de Deus. Tal argumento, porém, foi<br />
destruído por Darwin – e, de qualquer modo, só poderia tornar-se logicamente<br />
respeitável se se abandonasse a crença na onipotência de Deus.” 356<br />
Esse tipo de entendimento, embora tenha se tornado “politicamente incorreto” para<br />
algumas vertentes darwinistas, parece refletir a “crença latente” de grande parcela dos<br />
defensores do naturalista inglês. Darwin tornou-se, pois, no ícone máximo contra as<br />
“trevas religiosas.” Não é à toa que os mais ferrenhos ateus modernos, dentre os quais<br />
Richard Dawkins e Daniel Dennett, vejam nele a “pessoa mais importante de toda história<br />
da humanidade.” Entende-se...<br />
É isso!<br />
Darwin e a causa neo-ateísta<br />
Qual, dos grandes vultos históricos, teria melhor<br />
credencial ideológica para representar a causa neo-ateísta?<br />
Talvez Karl Marx, que se referiu à religião como o<br />
“ópio do povo”; ou, quiçá, Stalin, Mão Tse Tung e Fidel<br />
Castro, que perseguiram os religiosos e mandaram fechar<br />
as igrejas. Indo mais longe, pode-se aventar o nome de<br />
Epicuro, o qual, embora não fosse propriamente ateu,<br />
desdenhou dos deuses, afirmando não haver motivos para<br />
temê-los, quer na vida, quer após a morte. Temos ainda o<br />
escritor português José Saramago, que via a Bíblia como um “manual de maus costumes” e<br />
que desaconselhava sua leitura entre os jovens; também podemos fazer menção de<br />
Friedrich Wilhelm Nietzsche, o qual proclamou “a morte de Deus” e atacou frontalmente a<br />
fé cristã. Outros nomes poderiam ainda ser lembrados, tais como: Charlie Chaplin, que<br />
professou seu ateísmo, segundo ele, pelo “simples senso comum”; Sigmund Freud, que via<br />
a religião como uma neurose obsessiva; o músico inglês John Lennon, que dizia acreditar<br />
apenas em si próprio; Isaac Asimov, que via a Bíblia como a maior arma a favor do<br />
ateísmo. E, por fim, pode-se pensar no ícone atual do novo ateísmo, o ideólogo Richard<br />
Dawkins, que afirmou ser a fé um dos maiores males do mundo, comparável apenas ao<br />
vírus da varíola, porém mais difícil de ser erradicado.<br />
Razões não faltam para se eleger um desses nomes como o “melhor representante”<br />
do não-Deus ou do anti-religião; porém, é o nome de Charles Darwin que se desponta no<br />
horizonte alvoroçado dos novos ateus: Darwin é o nome mais lembrado e o que, de modo<br />
estranho, mais se liga à causa neo-ateísta, atualmente. Prova disso é a data que se escolheu<br />
para assinalar aquilo que denominaram de “O Dia do Orgulho Ateu”, ou seja, o dia 12 de<br />
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