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epistemológicas de alguns dos dogmas do neodarwinismo, como é o caso do gradualismo.<br />

A Teoria do Equilíbrio Pontuado, criada por Gould, serve como demonstração da<br />

fragilidade do gradualismo diante da realidade fóssil. Discorrendo, por exemplo, acerca do<br />

cambriano, diz Gould em seu "Darwin e os Grandes Enigmas da Vida” 259: “Essa visão<br />

ortodoxa "congelou", sem o benefício de nenhum dado direto da paleontologia para testála,<br />

já que a escassez de fósseis anteriores à grande "explosão" cambriana, há 600 milhões<br />

de anos, constitui talvez o fato mais marcante e a frustração da minha profissão.”<br />

[...]<br />

“O registro fóssil causara a Darwin mais desgosto do que alegria. Nada o<br />

perturbava mais do que a explosão cambriana, o aparecimento coincidente de quase<br />

todos os projetos orgânicos complexos, não perto do começo da história da Terra, mas a<br />

mais de cinco sextos do caminho.”<br />

[...]<br />

“Há 600 milhões de anos, no começo do que os geólogos chamam de Período<br />

Cambriano, surgiu grande parte do maior filo de invertebrados, num espaço curto de<br />

alguns milhões de anos. O que ocorreu durante os prévios quatro bilhões de anos da<br />

história do planeta? O que havia no começo do mundo cambriano que pudesse ter<br />

inspirado tamanha atividade evolutiva?<br />

Essas perguntas têm preocupado os paleontologistas desde que triunfou a opinião<br />

evolucionista, há mais de um século. Isso porque, embora rasgos evolutivos rápidos e<br />

ondas maciças de extinção não sejam contrários à teoria darwiniana, um preconceito<br />

profundamente arraigado no pensamento ocidental predispõe-nos a buscar a<br />

continuidade e a mudança gradativas: natura non facit saltum (a natureza não dá<br />

saltos), como diziam os antigos naturalistas.<br />

A explosão cambriana preocupou Darwin de tal maneira que ele escreveu na<br />

última edição de seu The Origin of Species: "O caso, no momento, tem de ficar<br />

inexplicado; e pode perfeitamente ser trazido como argumento válido contra as ideias<br />

aqui expostas.” A situação, na verdade, era ainda muito pior na época de Darwin.<br />

Naquela época, não tinha sido descoberto um fóssil sequer da era pré-cambriana; era a<br />

explosão cambriana de invertebrados complexos que fornecia as provas mais antigas de<br />

vida na Terra. Se tantas formas de vida surgiram ao mesmo tempo, e com tamanha<br />

complexidade inicial, não seria possível argumentar que Deus escolhera a base do<br />

cambriano para Seu momento (ou seus seis dias) de Criação?<br />

A dificuldade de Darwin foi parcialmente contornada. Agora já temos registros de<br />

vida pré-cambriana estendendo-se a mais de três bilhões de anos atrás. Fósseis de<br />

bactérias e algas verde-azuladas foram encontrados em diversas partes, em rochas com<br />

idades entre dois e três bilhões de anos.<br />

Mesmo assim, essas excitantes descobertas em paleontologia pré-cambriana não<br />

afastam o problema da explosão cambriana, já que incluem apenas bactérias e algas<br />

verde-azuladas (veja o ensaio 13), e algumas plantas superiores, como as algas verdes. A<br />

evolução dos metazoários complexos (animais multicelulares) parece tão súbita quanto<br />

antes. (Uma única fauna pré-cambriana foi encontrada em Ediacara, na Austrália. Nela<br />

se incluem alguns parentes do coral atual, águas-vivas, artrópodes e duas formas<br />

misteriosas, sem semelhança alguma com nada que viva atualmente.<br />

Mesmo assim, as rochas de Ediacara estão bem abaixo da base cambriana e<br />

qualificam-se como pré-cambrianas por uma margem mínima.) O fato é que o problema<br />

aumenta na medida em que estudos exaustivos de um número cada vez maior de rochas<br />

pré-cambrianas destrói o velho e popular argumento de que os metazoários estão ali<br />

realmente, apenas não os encontramos ainda.”<br />

[...]<br />

“A chamada explosão marca somente o primeiro aparecimento no registro fóssil<br />

de criaturas que viveram e se desenvolveram durante boa parte do pré-cambriano.<br />

Então o que teria impedido a fossilização de faunas tão ricas? Nesse ponto temos uma<br />

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