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[...]<br />

“No mundo dos opostos regido pelas Parcas, a luta pela vida é responsável pelo<br />

desabamento do reino primordial do amor. Como que se descrevendo a si próprio nessa<br />

trágica condição, é Empédocles “um fugitivo dos deuses e um peregrino, confiante nessa<br />

luta frenética, condenado pelo oráculo da necessidade (anankê) a viver entre bichos que<br />

nascem como leões, de atalaia em suas cavernas rochosas.” A teologia poética de um<br />

discípulo dos pitagóricos concebe urna espécie de carma. Na roda das transmigrações, a<br />

alma, fugitiva e aventurosa, encarnou-se “num menino e numa menina, num arbusto e<br />

num pássaro e num estúpido peixe do mar” — mas chegará, eventualmente, a ser “um<br />

profeta, um bardo, um doutor e um príncipe”. Esse trecho é interessante porque sugere o<br />

sentido evolutivo da crença pitagórica na metempsicose, sentido também aparente na<br />

doutrina hindu e budista, tão essencial ao pensamento oriental. Em Empédocles, as<br />

almas evoluem dessas formas vegetais e animais primitivas para as formas humanas<br />

superiores, até finalmente se transformarem em seres imortais que compartilham o<br />

alimento dos deuses. A visão mística descreve um esforço para fora, no sentido de<br />

transcender o real, sublimar-se. Plus ultra!”<br />

[...]<br />

"Na filosofia dialética, da qual foi Heráclito fundador, o fragmento merecidamente<br />

mais famoso é o que nos foi transmitido por Hipólito: “Polemos panton men pater ésti,<br />

panron de basileus” — “A guerra (polemos) é o pai e rei de todas as coisas; e alguns<br />

revela como deuses e outros como homens; e de alguns faz escravos e de outros homens<br />

livres”. Na verdade, acentuava o filósofo de Éfeso que a vida é um fogo eterno, pyr aeí<br />

son — um confronto polêmico de opostos em permanente tensão criadora. O fogo é um<br />

símbolo do logos, e o logos o princípio racional para a compreensão do concatenamento<br />

de todos os acontecimentos. Heráclito disso deduzia “ser necessário saber que normal é a<br />

guerra, a luta é justa, e todas as coisas correm pela luta e a necessidade”. A metáfora da<br />

guerra e da contenda servem-lhe para enfatizar a importância da mudança e da<br />

evolução de todas as coisas nesse mundo.”<br />

Mesmo quando saltamos para a evolução mais nos seus moldes atuais,<br />

especificamente no período em que viveu Charles Darwin, é unanimidade o fato de que a<br />

idéia de evolução não fora exclusividade deste naturalista inglês. Na verdade, o que ele<br />

elaborou de novo foi apenas o conceito de “seleção natural”, e nem isso fora exclusividade<br />

sua, já que se sabe que o Wallace o havia antecedido. Sobre este aspecto, ironiza Tony<br />

Rothman, em seu livro “Tudo é Relativo”: “Até mesmo algumas crianças de séries<br />

escolares elementares sabem que o lento Charles Darwin foi pressionado a completar sua<br />

Origem das Espécies ao receber um ensaio escrito pelo naturalista Alfred Russell<br />

Wallace, contendo “uma teoria exatamente igual à minha”. A julgar por capas de livros<br />

recentes, nas quais lemos que a teoria revolucionária pegou de surpresa um público<br />

insuspeito em 1859, o fato de que Charles devia muitas de suas idéias a seu próprio avô,<br />

Erasmus — que nunca recebeu crédito por elas —, é menos conhecido.” 19<br />

Sobre esta “injustiça” cometida contra seu avô, destaca este mesmo autor:<br />

“Provavelmente, apenas os psicólogos poderiam explicar por que Charles Darwin,<br />

nascido em 1809, mostrou-se tão relutante em reconhecer as idéias de seu próprio avô”.<br />

Hal Hellman, por sua vez, em “Grandes Debates da Ciência”, afirma com a mesma<br />

convicção: “Darwin, deve-se notar, não foi o primeiro a apresentar uma teoria da<br />

evolução. A idéia de que espécies não são inalteráveis, mas podem mudar e adaptar-se ao<br />

longo do tempo tinha sido pro posta um sem-número de vezes. O próprio avô de Darwin,<br />

Eras mus Darwin, já havia defendido a idéia, assim como tinha feito Lamarck (que<br />

acreditava que as mudanças causadas pela exposição a influências ambientais poderiam<br />

ser transmitidas aos descendentes.” 20<br />

Todavia, faz-se mister realçar que, mesmo as idéias atribuídas ao próprio Darwin,<br />

ainda estas não foram assim, digamos, tão “originais” como é comum pensar-se. Uma<br />

rápida lida em seu já destacado livro, é suficiente para notar que ele fez uma verdadeira<br />

20

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