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índios da América do Sul, etc.); as superiores pêlos civilizados, com as nações européias<br />
representando o topo da civilização, segundo a expressão do próprio Darwin. E<br />
acrescenta: foi a evolução por meio da seleção natural que conduziu imperceptivelmente,<br />
por gradações sucessivas, raças inferiores a superiores.<br />
Reconhece-se aqui a aplicação dessa teoria evolucionista, por ele estabelecida, ao<br />
homem: a transição gradual de um tipo de população a outro, mais evoluído. De acordo<br />
com ele, em todos os estágios da evolução da espécie humana, sempre houve duas<br />
categorias de seres humanos: os intelectualmente superiores e os inferiores. Desde a préhistória,<br />
os primeiros sempre tiveram mais sucesso em todas as atividades e deixaram<br />
um número maior de filhos.<br />
Foi assim que a inteligência humana progrediu e que as raças superiores foram<br />
formadas. Aliás, nessa obra, Darwin reconheceu que seu primo Galton tinha razão: nas<br />
nações mais civilizadas, comete-se o erro de contrariar o processo de eliminação pela<br />
seleção natural com a instituição de diversas formas de auxílio aos pobres, de hospitais<br />
para os doentes, etc. ("nossos médicos vão inclusive fazer o melhor possível para salvar<br />
qualquer pessoa", impressiona-se) .”<br />
E nas últimas páginas de The Descent of Man, Darwin apregoa de modo<br />
totalmente explícito sua adesão aos ideais eugenistas de seu primo: "Os membros tanto<br />
de um sexo como de outro deveriam abster-se de se casar em caso de inferioridade<br />
manifesta no corpo ou no espírito." Alfred Russel Wallace disse, aliás, que em uma de<br />
suas últimas conversas com Darwin (antes de sua morte) este teria expresso um ponto de<br />
vista pessimista quanto ao futuro da humanidade: Se Darwin foi incontestavelmente um<br />
darwinista social, um racista científico e um eugenista convicto, a posteridade dessas<br />
doutrinas revelou-se sinistra (e é sem dúvida por isso que muitos cientistas abominam a<br />
idéia de associar Darwin a essas correntes). Em nome da eugenia, esterilizou-se nos<br />
Estados Unidos, entre 1900 e 1940, quase 36 mil pessoas: doentes mentais, todos os tipos<br />
de desviados (marginais, vagabundos, etc.) ou, de modo mais geral, pessoas que tiveram<br />
o azar de encontrar-se sem recursos e viram-se internadas em algum hospital<br />
psiquiátrico por alguma (má) razão.<br />
Mas muitos outros países democráticos também conheceram ondas de<br />
esterilização antes da Segunda Guerra Mundial, pela instigação das ligas eugenistas a<br />
que se associavam um bom número dos neodarwinistas mais eminentes (como por<br />
exemplo, o matemático R. Fisher, da Grã-Bretanha).<br />
Sabemos que as teorias de Vacher de Lapouge e de Galton foram especialmente<br />
retomadas por Hitler e pêlos ideólogos nazistas como bem entenderam (o darwinismo<br />
social, por sua vez, foi propagado na Alemanha a partir do final do século XIX pelo<br />
discípulo alemão de Darwin: Ernst Haeckel, biólogo ainda de grande renome). Sem<br />
dúvida, não é exagerado dizer que o Estado racial desejado por Hitler, assim como sua<br />
doutrina da luta das raças, que culminou com o genocídio de judeus e de ciganos, deve<br />
uma boa parte de seus fundamentos ao darwinismo social, à eugenia e ao racismo<br />
científico.” 33<br />
3 - José Osvaldo de Meira Penna, em “Polemos: Uma Análise Crítica do<br />
Darwinismo”:<br />
“Em A descendência do homem e a seleção sexual, que apareceu pela primeira vez<br />
em 1871, Darwin expressa opiniões similarmente notáveis que resumem sua postura<br />
filosófica quanto ao problema da seleção e da contra-seleção, aplicadas ao homem. O<br />
eugenismo aí está implícito. O eugenismo e a crítica a certos efeitos anti-seletivos da<br />
civilização moderna - argumentos que serão, futuramente, aproveitados de modo<br />
peculiar. Vejamos o que diz o biólogo:<br />
“Com os selvagens, os indivíduos fracos de corpo e de espírito são prontamente<br />
eliminados e os sobreviventes não tardam, ordinariamente, a se fazer notar por sua<br />
saúde vigorosa. No que diz respeito a nós, homens civilizados, fazemos pelo contrário<br />
todos os esforços para deter a marcha da eliminação; construímos hospitais para os<br />
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