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expedientes que o homem pode observar nos animais aparecem simplesmente como um<br />
fato natural. Não estando, por isso, em condições de determinar ou investigar suas<br />
causas primárias, contenta-se em considerar essas qualidades como instintivas.<br />
[...]<br />
Quem acredita em uma evolução mais elevada da vida deve admitir que todas as<br />
manifestações dessa luta pela existência devem ter tido um começo. Em dado momento,<br />
um indivíduo praticou uma determinada ação. Por força da repetição, esse fato se foi<br />
tornando cada vez mais geral até, de certo modo, passar para o subconsciente dos<br />
indivíduos e ser visto como instintivo.<br />
Isso se compreenderá mais facilmente em relação aos homens. Seus primeiros atos<br />
de inteligência na luta contra os outros animais foram, com certeza, na sua origem, atos<br />
praticados sobretudo pelos indivíduos mais capazes. As qualidades pessoais foram,<br />
incontestavelmente, o estímulo para as decisões e realizações que, mais tarde, foram<br />
aceitas como naturais por toda a humanidade. Da mesma maneira, a confiança na sua<br />
própria força, fundamento atual de toda estratégia, foi, originariamente, devida a uma<br />
determinada cabeça e, só com o correr de muitos anos, talvez milhares, passou a ser<br />
aceita por toda gente como perfeitamente compreensível.<br />
O homem completou essa primeira descoberta com uma segunda. Aprendeu<br />
outras coisas, outros processos, que pôs a serviço da sua luta pela subsistência. Com isso<br />
começou a atividade criadora, cujos resultados vemos por toda parte. Essas invenções<br />
materiais, que começaram pelo emprego da pedra como arma, que levaram à<br />
domesticação dos animais. e, através de criações artificiais, deram ao homem o fogo e,<br />
assim por diante, até as múltiplas e espantosas descobertas de nossos dias, são<br />
evidentemente devidas à iniciativa individual, o que se torna claro se examinarmos as<br />
descobertas de hoje, sobretudo as mais importantes, as que mais impressionam.<br />
Todas as invenções que vemos em torno de nós foram o resultado do poder criador<br />
e da capacidade do indivíduo e todas elas, em última análise, concorreram para elevar,<br />
cada vez mais, o homem acima do nível dos outros animais, distanciando-o dos mesmos<br />
em progressão sempre crescente.<br />
O que, de começo, era apenas simples artifício para auxiliar os caçadores da<br />
floresta na sua luta pela existência, serve agora, sob a forma das brilhantes descobertas<br />
científicas dos tempos atuais, a auxiliar a humanidade nas lutas do presente e a forjar as<br />
armas para os embates futuros.<br />
Todo pensamento humano, todas as invenções, em seus últimos efeitos. servem, em<br />
primeiro lugar, para facilitar a luta do homem pela vida neste concepção científica passa<br />
despercebida no momento. Enquanto tudo isso auxilia o homem a elevar-se acima do<br />
nível das criaturas que o cercam, ele ortifica cada vez mais a sua posição, tornando-se, a<br />
todos os respeitos, o rei da criação.<br />
Todas as descobertas são, pois, a conseqüência do poder criador do indivíduo.<br />
Todos esses inventores constituem, quer se queira quer não, os maiores ou menores<br />
benfeitores da humanidade. Sua atuação proporciona a milhões de homens, meios de<br />
subsistência e recursos posteriores para a facilitação da luta pela vida.<br />
Se, na origem da civilização material de hoje, vemos sempre personalidades que se<br />
completam umas às outras e sempre realizam novos progressos, o mesmo acontece na<br />
execução e aperfeiçoamento das coisas descobertas. Os vários processos de produção, em<br />
última análise, são sempre obras de determinados indivíduos. O trabalho puramente<br />
teórico que, em relação a cada pessoa, dificilmente se pode medir, e que representa a<br />
condição indispensável para todas as descobertas posteriores, até esse trabalho é<br />
produto individual. As massas nunca inventam, nunca organizam ou pensam por si. No<br />
início de tudo está sempre uma atividade individual.”<br />
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