07.04.2013 Views

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Etnomusicologia e significações musicais, publicado em 2004, Nattiez explica que a<br />

expressão “semântica musical” po<strong>de</strong> remeter a dois tipos <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>: uma dimensão do<br />

fato musical relacionada a suas estruturas sintáticas como a harmonia ou o ritmo e a<br />

disciplina que trata dos fatos semânticos. Para Nattiez, aquilo que <strong>de</strong>nominamos<br />

significações, em quaisquer que sejam as formas simbólicas em que aparecem, como, por<br />

exemplo, a linguagem verbal, a música, o mito, o cinema e a pintura, explicam-se<br />

semiologicamente por três princípios: todo signo é a remissão <strong>de</strong> um objeto a uma outra<br />

coisa, conforme os dizeres <strong>de</strong> Santo Agostinho; o signo, segundo Peirce, remete a seu<br />

objeto pelo intermédio <strong>de</strong> uma ca<strong>de</strong>ia infinita <strong>de</strong> interpretantes; estes interpretantes se<br />

repartem, segundo Molino, entre as três instâncias que caracterizam todas as práticas e as<br />

obras huma<strong>nas</strong>: o nível neutro, o poiético e o estésico, sobre os quais trataremos mais tar<strong>de</strong><br />

neste capítulo. Quanto à música, Nattiez julga necessário distinguir entre as remissões<br />

intrínsecas e as remissões extrínsecas <strong>de</strong> que a música é capaz.<br />

103<br />

Às primeiras correspon<strong>de</strong>m as “relações formais entre estruturas musicais, <strong>de</strong><br />

que tratam as teorias formalistas da música, tanto estéticas quanto analíticas” (2004, p. 6),<br />

e que são muitas vezes <strong>de</strong>signadas por “sentido” musical ou “significações ‘puramente’<br />

musicais”. As remissões extrínsecas dizem respeito às “significações afetivas, emotivas,<br />

imagéticas, referenciais, i<strong>de</strong>ológicas, etc., que o compositor, o executante e o ouvinte<br />

vinculam à música” (2004, p. 7).<br />

O termo “semântica” é proposto pelo autor para <strong>de</strong>signar qualquer tipo <strong>de</strong><br />

associação extrínseca com a música, e a semântica musical é a disciplina que lida com<br />

verbalizações explícitas <strong>de</strong>ssas associações, associações que, na maioria das vezes,<br />

permanecem no estado <strong>de</strong> impressões latentes. Ao conectar essas associações com o<br />

material musical que <strong>de</strong>u origem a elas, entramos no campo da semiologia musical,<br />

enten<strong>de</strong>ndo que a semiologia lida com a ligação entre um significante e um significado, ou,<br />

melhor dizendo, para utilizarmos os conceitos <strong>de</strong> Peirce, <strong>de</strong> um signo com um<br />

interpretante. 27<br />

A música, pensada como objeto simbólico, tem o potencial <strong>de</strong> se referir a algo,<br />

e <strong>de</strong> possuir diferentes modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> referência. Po<strong>de</strong>mos pensar em diferentes<br />

dimensões da significação musical, significação existente “quando um objeto é colocado<br />

27 No momento <strong>de</strong> ser reconhecido pela percepção, cada signo, na sua relação com um objeto ou referente, se<br />

torna o que Peirce chama <strong>de</strong> interpretante. Este, como signo, se torna, da mesma forma para aquele que o<br />

percebe, um novo interpretante, e assim por diante, num processo infinito que é o processo da semiose (cf. REIS,<br />

2004, p.67).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!