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imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

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Mulheres <strong>de</strong> um lado e os homens <strong>de</strong> outro.<br />

Cada toque <strong>de</strong> Orixá era um tremor no coração.<br />

O encanto, a doçura, a leveza, a entrega, o gesto<br />

e o silêncio <strong>de</strong> todos e o canto <strong>de</strong> todos me<br />

Deixaram fora da terra.<br />

O som dos atabaques.<br />

As diferenças rítmicas. Cada nuance. Uma<br />

Oscilação no ar.<br />

Contemplação.<br />

Um espaço inatingível.<br />

Voltei mudo.<br />

Os olhos distantes.<br />

Pixinguinha falava da festa <strong>de</strong> Iaô.<br />

Passavam no meu ouvido lundus, batucadas,<br />

afoxés, ranchos, frevos, sambas...<br />

Mas nada igual à justeza do ritmo que ouvi.<br />

Reescrevi trechos da 2ª Sinfonia em mi maior,<br />

O caçador <strong>de</strong> esmeraldas, e o terceiro<br />

movimento, lamentoso, ressoava tão intrépido,<br />

tão ar<strong>de</strong>nte, tão silencioso, com uma variação <strong>de</strong><br />

instrumentos que fiquei uma eternida<strong>de</strong> até chegar<br />

à forma primitiva do meu pensamento sonoro.<br />

Mestiço.<br />

Quando acabei, parecia lavado <strong>de</strong> suor.<br />

Dormi (ISMAEL, 1998, p.57).<br />

3.3 Universalismo e brasileirismo: impressões e expressões<br />

A obra <strong>de</strong> Lorenzo Fernan<strong>de</strong>z costuma ser classicamente dividida por<br />

historiadores brasileiros, como Vasco Mariz ou José Maria Neves, em três períodos<br />

distintos. Mariz observa nesses períodos o seguinte <strong>de</strong>senvolvimento estilístico:<br />

“universalismo”, “brasileirismo” e “universalismo”. Segundo Mariz (2002, p.84), o<br />

primeiro período, que vai <strong>de</strong> 1918 a 1922, é caracterizado pela “influência do<br />

impressionismo, pela ausência <strong>de</strong> brasilida<strong>de</strong>, pela harmonia complexa e pela<br />

bitonalida<strong>de</strong>”. O segundo período, <strong>de</strong> 1922 a 1938, caracteriza-se pelo aproveitamento<br />

sistemático do folclore, por poucas harmonizações <strong>de</strong> temas populares e pela preferência<br />

pela utilização <strong>de</strong> constantes melódicas contrapontísticas, rítmicas e harmônicas<br />

encontradas no populário brasileiro. Após alguns anos, nos quais o compositor permanece<br />

sem compor, o terceiro período inicia-se em 1942 e vai até a 1948. Nessa época, Mariz<br />

observa a reação do compositor contra a “eterna preocupação do brasileirismo” e contra a<br />

“excessiva singeleza em que seu estilo vinha paulatinamente mergulhando”. Neste período,<br />

<strong>de</strong> acordo com Mariz, o compositor inicia um ciclo universalista. Essa fase <strong>de</strong> sua escrita<br />

caracteriza-se pela “unida<strong>de</strong> temática, exclusão <strong>de</strong> ornamentos, universalismo e, <strong>de</strong> quando<br />

em vez, politonalida<strong>de</strong> e polirritmia”. Mariz, entretanto, diz tratar-se <strong>de</strong> um “universalismo<br />

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