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imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

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Mas, qual é esse sentido do qual falam os poetas tradutores? Como construir<br />

sentido em música e poesia? Como pensar a interpretação <strong>de</strong> uma canção por meio da<br />

diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sentidos que po<strong>de</strong>mos apreen<strong>de</strong>r em suas linguagens? Essas perguntas nos<br />

direcionam no transcorrer <strong>de</strong>sta tese, na qual queremos <strong>de</strong>monstrar que as <strong>imagens</strong> criadas<br />

pela canção constituem-se como conceito transversal para integrar palavra, voz e forma<br />

sonora num todo muito mais po<strong>de</strong>roso e coeso que é a canção em performance.<br />

Demonstrar que uma canção po<strong>de</strong> criar <strong>imagens</strong> e discorrer por escrito sobre as<br />

<strong>imagens</strong> <strong>nas</strong> <strong>canções</strong> <strong>de</strong> Lorenzo Fernan<strong>de</strong>z torna-se para nós um trabalho <strong>de</strong> tradução.<br />

Desta forma, lidaremos com três questões fundamentais que pu<strong>de</strong>mos perceber <strong>nas</strong> teorias<br />

tradutórias: a impossibilida<strong>de</strong> da expressão exata por meio da linguagem, a não restituição<br />

do original; a atitu<strong>de</strong> criativa que supre a impossibilida<strong>de</strong>; o método para estabelecer<br />

priorida<strong>de</strong>s. Esta tarefa, como diria Haroldo <strong>de</strong> Campos, é fazer humano, provisório e<br />

sempre submetido à diferença.<br />

Traduzir uma canção em sons ou em linguagem verbal por meio <strong>de</strong> <strong>imagens</strong><br />

pressupõe a construção <strong>de</strong> sentido em poesia e em música. Em nossa próxima etapa, à luz<br />

das teorias tradutórias, particularmente dos ensaios <strong>de</strong> Benjamin, Valéry e <strong>de</strong> Haroldo <strong>de</strong><br />

Campos, e das i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Humberto Eco, veremos os elementos da poesia que constroem<br />

seu “efeito” poético. Esses autores tiveram uma gran<strong>de</strong> preocupação em seus ensaios <strong>de</strong><br />

especificar elementos essenciais do texto poético que <strong>de</strong>veriam ser privilegiados numa<br />

tradução. Posteriormente, à luz da semiologia musical, procuraremos meios para refletir<br />

sobre os possíveis significados que po<strong>de</strong>mos atribuir às estruturas sonoras da canção. Na<br />

forma multimidiática da canção, buscamos seu efeito <strong>de</strong> justaposição, simultaneida<strong>de</strong> e<br />

complementarida<strong>de</strong> por meio dos fluxos e refluxos entre os textos verbal e musical, assim<br />

como também das <strong>imagens</strong> que eles nos possibilitam construir.<br />

2. Construindo sentido em música e em poesia<br />

2.1 Teorias tradutórias e construção <strong>de</strong> sentido<br />

“A ambiguida<strong>de</strong> é a característica intrínseca, inalienável da poesia assim como<br />

<strong>de</strong> qualquer objeto estético” (Plaza, 1987, p. 26). Tradutores, ao se <strong>de</strong>pararem com as<br />

múltiplas possibilida<strong>de</strong>s interpretativas da poesia, preocuparam-se em i<strong>de</strong>ntificar e<br />

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