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imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

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lidam com a canção. E, especialmente, para pensarmos como essas instâncias tradutórias se<br />

apropriam <strong>de</strong> <strong>imagens</strong> e as traduzem. Essas <strong>imagens</strong>, por sua vez, po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas<br />

como traduções <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias, ambientes e situações tidos como brasileiros.<br />

A tradução po<strong>de</strong> ser vista, <strong>de</strong> uma forma geral, como uma tarefa que possibilita<br />

interações e trocas do sujeito com o mundo que o cerca. A todo o momento necessitamos<br />

da ativida<strong>de</strong> tradutória. Entretanto, no simples gesto <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a uma criança sobre o<br />

significado <strong>de</strong> uma palavra, já nos damos conta da dimensão oscilante, frágil, instável,<br />

imprecisa e muitas vezes frustrante da tarefa tradutória. É Otávio Paz (1981, p.9) quem<br />

afirma que a tradução opera por um “movimento contraditório e complementar”. Para o<br />

autor, “a tradução suprime as diferenças entre uma língua e outra; por outro lado as revela<br />

mais plenamente: graças à tradução nos inteiramos <strong>de</strong> que nossos vizinhos falam e pensam<br />

<strong>de</strong> um modo diferente do nosso”. Ao revertermos esse pensamento para as distintas<br />

traduções que po<strong>de</strong>mos observar ao lidarmos com a canção – traduções <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias em<br />

palavras, traduções <strong>de</strong> poemas em linguagem musical, traduções <strong>de</strong> partituras em sons ou<br />

linguagem verbal –, percebemos mais claramente as especificida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada momento, a<br />

intraduzibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> certos elementos, as contradições e a complementarida<strong>de</strong> que a<br />

tradução po<strong>de</strong> nos revelar.<br />

A própria linguagem, como tradução <strong>de</strong> nossos pensamentos, lida com a<br />

impossibilida<strong>de</strong>, mas oferece a contrapartida da criativida<strong>de</strong>. O pensamento em si já opera<br />

por tradução. Segundo Pierce (2005, p.270), para quem todo pensamento só existe por<br />

mediação <strong>de</strong> signos, “todo signo-pensamento é transladado para ou interpretado num<br />

signo-pensamento subsequente” ou, na percepção <strong>de</strong> Júlio Plaza (1987, p. 18), “todo<br />

pensamento é tradução <strong>de</strong> outro pensamento, pois qualquer pensamento requer ter havido<br />

outro pensamento para o qual ele funciona como interpretante”. De acordo com Pierce<br />

(2005, p. 269), “sempre que pensamos temos presente na consciência algum sentimento,<br />

imagem, concepção ou outra representação que serve como signo”, ou seja, quando<br />

pensamos, traduzimos para nós mesmos aquilo que se apresenta à consciência.<br />

O pensamento sígnico que mantemos em nosso interior é veiculado para o<br />

exterior por meio da linguagem. A linguagem é instância <strong>de</strong> tradução do pensamento para<br />

que este possa ser conhecido no meio externo, permitindo a interação comunicativa. Mas a<br />

linguagem, ao mesmo tempo em que permite a comunicação do pensamento, também o<br />

conforma e limita <strong>de</strong>vido a suas próprias convenções. Ou como diz Júlio Plaza:<br />

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