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imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

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em relação a um horizonte” (Nattiez, 1990, p.102). Na verda<strong>de</strong>, muitos são os horizontes<br />

<strong>de</strong> experiência que uma obra musical evoca. Nesse sentido, a música é ligada a aspectos da<br />

vida humana e da realida<strong>de</strong> que nos cerca, e po<strong>de</strong> ser associada a uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tipos<br />

<strong>de</strong> interpretantes. Nos dizeres <strong>de</strong> Nattiez, “não existe peça ou obra musical que não se<br />

ofereça à percepção sem um cortejo <strong>de</strong> remissões extrínsecas, <strong>de</strong> remissões ao mundo.<br />

Ignorá-las levaria a per<strong>de</strong>r uma das dimensões semiológicas essenciais do “fato musical<br />

total” (2004, p.7).<br />

104<br />

Questões sobre ser a música uma arte semântica ou não semântica ocuparam os<br />

temas <strong>de</strong> reflexão <strong>de</strong> várias doutri<strong>nas</strong> estéticas ao longo da história da música. Nattiez<br />

(1990, p. 107), citando Etienne Gilson em sua Introduction aux arts du beau, <strong>de</strong> 1963,<br />

nomeia quatro gran<strong>de</strong>s famílias <strong>de</strong> pensamento estético sobre a música: imitação,<br />

expressionismo, simbolismo e formalismo. Dentre estas, as doutri<strong>nas</strong> formalistas po<strong>de</strong>m<br />

ser consi<strong>de</strong>radas como reações contra as várias concepções semânticas da música, tendo se<br />

firmado <strong>de</strong>cisivamente com Hanslick em 1854. Se autores formalistas consi<strong>de</strong>ram a música<br />

incapaz <strong>de</strong> expressar algo, isto não implica em negarem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a música<br />

provocar associações, mas ape<strong>nas</strong> que, do ponto <strong>de</strong> vista imanente, a música não é<br />

expressiva. Maneiras diferentes <strong>de</strong> pensar a música <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rão menos <strong>de</strong> observações<br />

empíricas do que <strong>de</strong> concepções próprias <strong>de</strong> uma época e cultura, que estabelecem a priori<br />

uma essência ontológica da música. Como nos diz Nattiez, a história da estética musical<br />

oscila entre esses dois extremos, com todo um espectro <strong>de</strong> nuances intermediárias: <strong>de</strong> um<br />

lado, a posição <strong>de</strong> que a música significa ela mesma, <strong>de</strong> outro, a posição <strong>de</strong> que a música é<br />

capaz <strong>de</strong> se referir a fatos não musicais. Embora às vezes coexistam, normalmente uma ou<br />

outra corrente assume uma posição dominante, como a posição formalista <strong>de</strong>pois da<br />

Segunda Guerra.<br />

No estudo da semiologia musical, autores como Jakobson, Bright ou Guizzetti<br />

nos mostram que a música po<strong>de</strong> ter duas opções referenciais, utilizando-se <strong>de</strong> termos como<br />

“semiose introversiva ou extraversiva”, “endo ou exo-semântica”, “semantish” e<br />

“exosemantish”, embora uma ênfase possa ser colocada em uma das duas opções (Cf.<br />

Nattiez, 1990, p.111). Jakobson (1970, p.12) nos diz que “na poesia e no cerne das artes<br />

visuais representativas a semiose introversiva, sempre tendo papel cardial, coexiste e co-<br />

encena com a semiose extraversiva, enquanto o componente referencial <strong>nas</strong> mensagens<br />

musicais é ausente ou mínimo, até na chamada música <strong>de</strong> programa”. Para Jakobson, a<br />

compreensão da música e da poesia resi<strong>de</strong> principalmente em suas estruturas. Correntes <strong>de</strong>

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