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imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

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essas <strong>de</strong>formações se evi<strong>de</strong>nciam em algumas obras, por meio <strong>de</strong> mudanças súbitas <strong>de</strong><br />

tonalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> saltos intervalares bruscos, <strong>de</strong> contornos disformes <strong>de</strong> linhas melódicas, <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formações <strong>nas</strong> tonalida<strong>de</strong>s.<br />

4.4 Paisagens, personagens, sentimentos<br />

225<br />

As <strong>canções</strong> <strong>de</strong> Lorenzo Fernan<strong>de</strong>z são povoadas <strong>de</strong> paisagens, personagens e<br />

sentimentos que refletem o universo heterogêneo do Brasil da época em que foram escritas.<br />

São muitas as vozes que se levantam <strong>nas</strong> <strong>canções</strong> <strong>de</strong> Lorenzo e com elas o compositor<br />

dialoga. Ao traduzir o texto poético em música, o compositor se posiciona, revela sua face,<br />

recria a paisagem e o personagem. As <strong>imagens</strong> criadas pelo texto poético no interior da<br />

canção interagem com as <strong>imagens</strong> musicais, criando novas e surpreen<strong>de</strong>ntes resultantes,<br />

novos tipos <strong>de</strong> efeito e sentido.<br />

Assim, Lorenzo Fernan<strong>de</strong>z pintou, com suas <strong>canções</strong>, quadros sonoros<br />

ambíguos, instáveis, <strong>de</strong> paisagens brasileiras dos sertões, das praias, <strong>de</strong> antigas fazendas <strong>de</strong><br />

escravos, sugerindo serestas, batuques, criando ambientes escuros rasgados com lampejos<br />

<strong>de</strong> luz, construindo o volume gigantesco e instável do mar, <strong>de</strong>nunciando a ambiguida<strong>de</strong> por<br />

trás da beleza das paisagens. Os personagens que povoam sua obra, imersos nos espaços<br />

criados pelas <strong>canções</strong>, revelam a ambiguida<strong>de</strong> da terra, como o caboclo; sua <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za,<br />

seu mistério e sua força monstruosa, como Iemanjá, a mãe d’água; revelam o drama, o<br />

choque e a tensão entre a senhora e sua escrava; a sensualida<strong>de</strong> e o mundo encoberto <strong>de</strong><br />

Rosa e do País, o poeta em conflito na invocação <strong>de</strong> Iemanjá.<br />

As <strong>imagens</strong> do céu em Lorenzo Fernan<strong>de</strong>z são <strong>imagens</strong> em transformação. É<br />

possível perceber a atração do compositor pelas <strong>imagens</strong> notur<strong>nas</strong> presentes nos poemas<br />

que musicou. Noite cheia <strong>de</strong> estrelas, Serenata, Noite <strong>de</strong> junho, Canção ao luar, Noturno,<br />

Dentro da noite, Vesperal e Aveludados sonhos são ape<strong>nas</strong> alguns exemplos <strong>de</strong> <strong>canções</strong><br />

<strong>nas</strong> quais as <strong>imagens</strong> do céu adquirem valor simbólico. Na canção que estudamos – A<br />

sauda<strong>de</strong> – a seresta brasileira é estranha, misteriosa, escura e dolorida, dramática mesmo, e<br />

se transforma em calma, como um triste consolo.<br />

Lorenzo trabalha <strong>imagens</strong> <strong>de</strong> sentimentos pungentes. O sentimento sauda<strong>de</strong>,<br />

tão assumidamente brasileiro, é carregado <strong>de</strong> ambiguida<strong>de</strong>, dor e alento; o “eu “ se<br />

expressa <strong>de</strong> forma contun<strong>de</strong>nte e dolorida. Sentimentos como a sauda<strong>de</strong> e a solidão são<br />

conotados nos títulos dos poemas musicados. Em outras <strong>canções</strong>, universos <strong>de</strong> “imensa

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