07.04.2013 Views

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

não rigoroso”. Já o musicólogo José Maria Neves (1981, p. 60-62), consi<strong>de</strong>ra como<br />

características da primeira fase composicional <strong>de</strong> Lorenzo Fernan<strong>de</strong>z a estruturação<br />

harmônica complexa e a sonorida<strong>de</strong> impressionista enriquecida por superposições<br />

politonais. Neves caracteriza uma segunda fase do compositor, a partir <strong>de</strong> 1922, como<br />

nacionalista “a nível dos assuntos e a nível (sic) propriamente musical” e, com relação à<br />

sua última fase composicional, iniciada em 1938, afirma que Lorenzo Fernan<strong>de</strong>z se orienta<br />

para o que foi muitas vezes chamado <strong>de</strong> “nacionalismo essencial, muito universalista, sem<br />

per<strong>de</strong>r as características nacionais”. De acordo com Neves, a temática musical usada nessa<br />

fase tem todo o sabor do folclore brasileiro, sem citá-lo diretamente, com emprego <strong>de</strong><br />

estruturas musicais mais ricas, sobretudo no plano harmônico (emprego <strong>de</strong> politonalismo)<br />

e rítmico (emprego da polirritmia). Comentando os Três estudos em forma <strong>de</strong> sonatina, <strong>de</strong><br />

1938, Neves afirma que Lorenzo Fernan<strong>de</strong>z cria “clima essencialmente brasileiro sem<br />

pren<strong>de</strong>r-se à manipulação <strong>de</strong> temas folclóricos autênticos, filtrando em sua linguagem<br />

pessoal as características assimiladas da música brasileira”.<br />

A clássica divisão “universalismo”, “brasileirismo” ou “nacionalismo” e<br />

“universalismo” ou “nacionalismo essencial universalista” se justifica se levarmos em<br />

conta o marco do mo<strong>de</strong>rnismo brasileiro, que foi a Semana <strong>de</strong> 1922, a partir da qual a<br />

utilização <strong>de</strong> temas folclóricos começa a ser realizada <strong>de</strong> forma sistematizada por<br />

compositores ligados às tendências mo<strong>de</strong>rnistas. O termo “nacionalismo” é pertinente para<br />

caracterizar um momento da escrita do compositor que se liga às correntes i<strong>de</strong>ológicas do<br />

mo<strong>de</strong>rnismo nacionalista, em oposição ao termo “universalismo”. Observa-se, entretanto,<br />

que características estilísticas como harmonia, ritmo e forma, que são apontadas pelos dois<br />

autores como elementos das fases composicionais iniciais e finais <strong>de</strong> Lorenzo Fernan<strong>de</strong>z,<br />

não são explicitadas com relação à sua fase “brasileira”. O “brasileirismo” a que se refere<br />

Mariz liga-se à utilização exclusiva <strong>de</strong> motivos populares, e a não utilização <strong>de</strong>sses<br />

motivos implica em “ausência <strong>de</strong> brasilida<strong>de</strong>”. Não obstante, o “universalismo não<br />

rigoroso” ou o “nacionalismo essencial” apontado por José Maria Neves estariam<br />

relacionados a um “sabor” do folclore, presença sugerida e não explicitada.<br />

O próprio Lorenzo Fernan<strong>de</strong>z confirma, <strong>de</strong> certa forma, essa divisão. Em<br />

entrevista concedida à Rádio Ministério da Educação, em 1947, <strong>de</strong>clara:<br />

Na infância meu ídolo foi Beethoven e na juventu<strong>de</strong> entusiasmei-me por<br />

Wagner. Ao concluir os estudos, na Escola Nacional <strong>de</strong> Música, era Debussy que<br />

me fascinava com a sua nova mensagem misteriosa e sutil. Depois comecei a<br />

65

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!