07.04.2013 Views

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

me<strong>de</strong> essa dor numa escala <strong>de</strong> valores. A canção, ao enfatizar a dramaticida<strong>de</strong>, a distorção,<br />

o <strong>de</strong>lírio, traz à tona a condição tensa entre duas mulheres completamente distintas, mas <strong>de</strong><br />

certa forma unidas em suas situações <strong>de</strong>gradantes, cada qual à sua maneira, cada qual com<br />

sua própria dor, lidando com os mesmos objetos, presenteados ou roubados – os lenços, os<br />

frascos <strong>de</strong> cheiro, os broches, as roupas... Com uma potência extraordinária, Lorenzo<br />

Fernan<strong>de</strong>z introduz o conflito e <strong>de</strong>smascara a tensão existente <strong>nas</strong> relações entre brancos e<br />

negros, <strong>de</strong> certa forma encoberta pelo poema.<br />

2.3 A imagem como síntese: Toada p’ra você<br />

198<br />

Toada p’ra você foi escrita por Lorenzo Fernan<strong>de</strong>z em 1928 (no mesmo ano<br />

em que escreveu Berceuse da onda) e dada a conhecer ao público neste mesmo ano. Sua<br />

primeira tiragem <strong>de</strong> 1000 exemplares se esgotou em ape<strong>nas</strong> algumas sema<strong>nas</strong>, fato inédito<br />

nos domínios da música impressa nacional (Cf. Corrêa, 1992, p22). Seu sucesso foi tal que<br />

originou um movimento conhecido por voceísmo na canção <strong>de</strong> <strong>câmara</strong> brasileira, no qual<br />

se <strong>de</strong>stacam a canção O doce nome <strong>de</strong> você <strong>de</strong> Mignone e as miniaturas <strong>de</strong> Guarnieri, José<br />

Siqueira e Heckel Tavares. Vasco Mariz, em sua A canção brasileira <strong>de</strong> <strong>câmara</strong> (2002,<br />

p.86), chega a caracterizá-la como a “mais celebrada das <strong>canções</strong> nacionais” e “uma das<br />

mais perfeitas realizações do Lied nacional, tanto pela excelência representativa <strong>de</strong><br />

brasilida<strong>de</strong> filtrada, quanto pela fusão i<strong>de</strong>al do texto com a música”.<br />

Há que se pensar nos motivos pelos quais essa canção agradou tanto às pessoas<br />

da época e ainda continua fazendo a<strong>de</strong>ptos. Existe qualquer coisa <strong>de</strong> envolvente, <strong>de</strong> calma,<br />

<strong>de</strong> prazerosa na harmonia entre poesia e música <strong>de</strong>ssa canção. Uma doçura intimista, um<br />

certo tempero picante, uma dose <strong>de</strong> melancolia, um lirismo quase sem arestas.<br />

Vejamos o poema <strong>de</strong> Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!