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imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

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face <strong>de</strong> brasilida<strong>de</strong> naquele momento específico, um ângulo, um ponto <strong>de</strong> vista. Aqui a<br />

atitu<strong>de</strong> se liga ao Impressionismo, estilo no qual o artista i<strong>de</strong>ntifica o objeto retratado com<br />

seu mundo interior. Os objetos retratados personificam assim i<strong>de</strong>ias e sentimentos.<br />

206<br />

A canção apresenta, entretanto, uma realida<strong>de</strong>. Toma formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia,<br />

ainda que feita com tal lirismo e <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za que é preciso cuidado para reparar. Se, numa<br />

atitu<strong>de</strong> impressionista o “eu” não se revela, <strong>de</strong>ixando aos objetos a tarefa <strong>de</strong> personificar as<br />

i<strong>de</strong>ias ou sentimentos, nesta canção o “eu” se manifesta. O eu lírico diante <strong>de</strong> uma mulher<br />

que personifica um país.<br />

3. Imagens da memória<br />

Composta num momento em que Lorenzo Fernan<strong>de</strong>z consi<strong>de</strong>ra tomar rumos<br />

mais “universalistas” em sua escrita musical, Vesperal, escrita em 1946 sobre versos <strong>de</strong><br />

Ronald <strong>de</strong> Carvalho (1893 - 1935), foi uma das últimas <strong>canções</strong> do compositor. Ouçamo-<br />

la:<br />

O céu parece que adormece,<br />

o céu profundo...<br />

Paira no ar um longo beijo doloroso,<br />

caricioso...<br />

A tar<strong>de</strong> cai.<br />

A sombra <strong>de</strong>sce sobre o mundo.<br />

A sombra é um lábio silencioso, silencioso... 52<br />

A canção Vesperal nos coloca diante <strong>de</strong> uma paisagem crepuscular. O cair da<br />

tar<strong>de</strong>, as sombras <strong>de</strong>scendo sobre a terra. Po<strong>de</strong>ríamos dizer que o “eu” se <strong>de</strong>para com uma<br />

imagem, uma fotografia <strong>de</strong> um breve momento do dia. Um pintor, à maneira dos pintores<br />

impressionistas, teria que pintar o mais rapidamente possível para captar a luz do momento<br />

em seu quadro. Com o flash <strong>de</strong> uma <strong>câmara</strong> teríamos o momento imortalizado. Mas que<br />

momento é esse? Qual o tempo <strong>de</strong>sse momento?<br />

52 CARVALHO, Ronald <strong>de</strong>. Epigrammas Irônicos e Sentimentaes. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Annuario do Brasil, 1922,<br />

p.147.

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