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imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

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sentido implica em perceber como se dá esse refluxo na conformação da canção. Essas são<br />

constatações importantes que preten<strong>de</strong>mos levar em conta no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta tese,<br />

ao verificarmos as inter-relações entre os elementos constitutivos das <strong>canções</strong> <strong>de</strong> Lorenzo<br />

Fernan<strong>de</strong>z e como se dá a sua tradução intersemiótica, se é concordante com o poema, se é<br />

contraditória, se busca efeitos análogos, se é transgressora, se ape<strong>nas</strong> tangencia o sentido<br />

do original.<br />

Chegamos aos limites da criação a que se po<strong>de</strong> chegar numa tradução. A este<br />

respeito, o pensamento nuançado e cambiante <strong>de</strong> Haroldo <strong>de</strong> Campos assume um <strong>de</strong> seus<br />

mais veementes momentos em seu texto Para além do princípio da sauda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> 1984, no<br />

qual comenta o pensamento “metafísico” do Walter Benjamin pré-marxista, expresso no<br />

ensaio <strong>de</strong> 1921 - A tarefa do tradutor. Benjamin atribui ao original uma “aura”, um “modo<br />

<strong>de</strong> intencionar” velado por um conteúdo comunicativo e não essencial. A tradução é para<br />

Benjamin uma “forma libertadora”, liberando o original e revelando a sua essência.<br />

Entretanto, Benjamin abre a possibilida<strong>de</strong> para traduções que ape<strong>nas</strong> tocam <strong>de</strong> passagem o<br />

sentido do original e que “transplantam o original para um domínio mais <strong>de</strong>finitivo da<br />

linguagem”. Para Campos, o próprio Benjamin abre uma fissura epistemológica em seu<br />

ensaio e possibilita a <strong>de</strong>sconstituição <strong>de</strong> seu pensamento metafísico. Diante da contradição<br />

do pensamento benjaminiano, Haroldo <strong>de</strong> Campos (1984, p. 7) se permite “dar um passo<br />

mais adiante e ultimar a sua teoria, revertendo a função angélica do tradutor numa empresa<br />

luciferina”. Seu pensamento se aproxima do <strong>de</strong> Borges, que põe em xeque o conceito <strong>de</strong><br />

“texto <strong>de</strong>finitivo”. Campos abala essa i<strong>de</strong>alização do original, <strong>de</strong>slocando a questão da<br />

origem para a pergunta sempre “di-ferida” a respeito do “borrador do borrador”. Para<br />

Campos:<br />

“aurático”:<br />

Ao invés <strong>de</strong> ren<strong>de</strong>r-se ao interdito do silêncio, o tradutor usurpador passa, por<br />

seu turno, a ameaçar o original com a ruína da origem. Esta (...) a última “hybris”<br />

do tradutor luciferino: transformar, por um átimo, o original na tradução <strong>de</strong> sua<br />

tradução. Reencenar a origem e a originalida<strong>de</strong> como plagiotropia: como<br />

movimento infinito da diferença; e a mimesis como produção mesma <strong>de</strong>ssa<br />

diferença (CAMPOS, 1984, p. 7).<br />

Campos propõe a finitização da metafísica e a da subserviência a um original<br />

O momento luciferino é ape<strong>nas</strong> a rubrica metafórica <strong>de</strong>ssa operação <strong>de</strong><br />

finitização da metafísica benjaminiana do traduzir, para convertê-la numa física,<br />

num fazer humano resgatado da subserviência hierática a um original “aurático”,<br />

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