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imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

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transformado; e também, como os elementos literários e musicais interagem para criar uma<br />

nova constelação <strong>de</strong> sentidos, como dialogam, como se complementam ou se opõem.<br />

Com relação à recepção da canção percebemos, em nossa experiência como<br />

intérprete, duas situações distintas: a recepção por parte da pessoa que entra em contato<br />

com a obra pela primeira vez através da partitura musical, e a recepção que ocorre quando<br />

esta obra é apresentada por um intérprete a um ouvinte. Se na perspectiva da produção o<br />

processo <strong>de</strong> elaboração caracteriza-se pela sucessão poema - canção, a recepção<br />

caracteriza-se pela simultaneida<strong>de</strong>, pela presença simultânea dos textos poético e musical<br />

na canção.<br />

Numa partitura, é possível para o intérprete ler o texto poético impresso antes<br />

<strong>de</strong> ler o texto musical. O texto poético guardará assim para o intérprete muito <strong>de</strong> sua<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> original, apesar <strong>de</strong> não vir escrito, visualmente falando, na forma em que<br />

originalmente foi colocado no papel pelo poeta, apresentando-se escrito <strong>de</strong> forma<br />

simultânea à escrita musical. O intérprete não perceberá imediatamente a forma do poema,<br />

mas sua criação <strong>de</strong> interpretantes se iniciará pela percepção do léxico, da sintaxe, das<br />

figuras <strong>de</strong> linguagem. Uma primeira imagem da canção é então formada.<br />

O intérprete po<strong>de</strong>ria ainda começar sua leitura pela escrita musical. A parte<br />

musical guarda também sua originalida<strong>de</strong> e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, visto que po<strong>de</strong>mos sempre ouvir<br />

<strong>canções</strong> ape<strong>nas</strong> vocalizadas ou cantadas em idiomas <strong>de</strong>sconhecidos. Iniciar a leitura da<br />

canção pela sua música dará ao intérprete um diferente tipo <strong>de</strong> percepção do poema, pois a<br />

música já é uma primeira interpretação do texto verbal. O intérprete assim perceberá a<br />

harmonia, a melodia, a instrumentação. A imagem sonora, assim, será percebida<br />

primeiramente. O intérprete, entretanto, po<strong>de</strong> sempre recorrer ao poema em sua forma<br />

original, para maior compreensão da obra musical. Não raras são as vezes em que o poema<br />

já vem impresso juntamente com a partitura.<br />

Portanto, do ponto <strong>de</strong> vista da recepção por parte <strong>de</strong> um intérprete que lê uma<br />

partitura, a canção po<strong>de</strong> ser apreendida como um texto que apresenta uma combinação<br />

simultânea do texto literário e do texto musical, guardando cada um sua própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,<br />

um texto misto ou multimídia. O texto poético possui sua coerência, assim como o texto<br />

musical, e ambos po<strong>de</strong>m ser lidos separadamente. O intérprete po<strong>de</strong> ler e compreen<strong>de</strong>r o<br />

texto poético e posteriormente ler as notas grafadas na partitura (o que não impe<strong>de</strong>, apesar<br />

da complexida<strong>de</strong>, que tudo seja lido ao mesmo tempo). Entretanto, tanto a parte literária<br />

quanto a musical passam a per<strong>de</strong>r sua autossuficiência. Poema e música, ao serem<br />

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