07.04.2013 Views

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

4.1 A imagem frásica<br />

131<br />

A imagem na canção não é simulacro da natureza. Parece estática, no entanto<br />

se move. Compõe-se <strong>de</strong> forças diferentes em equilíbrio, trabalha sempre com outras<br />

<strong>imagens</strong>, o que lhe confere dinamismo.<br />

No poema, a imagem é trabalhada pela palavra. A imagem num poema é uma<br />

palavra articulada. Como nos diz Bosi, “não se <strong>de</strong>ve saltar da imagem ao texto sem<br />

atravessar o curso das palavras” (2004, p. 31). E Drummond: “Chega mais perto e<br />

contempla as palavras / Cada uma / Tem mil faces secretas sobre a face neutra.”<br />

A palavra persegue o simultâneo, o finito da imagem mediante um jogo<br />

alternado <strong>de</strong> idas e vindas, <strong>de</strong> recorrências, numa estratégia mais lenta e sinuosa do que a<br />

armada pela percepção visual ou <strong>de</strong>vaneio. Jakobson, propondo a projeção do eixo das<br />

semelhanças no eixo das contiguida<strong>de</strong>s, ou a subordinação do serial às leis da analogia,<br />

elabora uma <strong>de</strong>finição que abrange as reiterações: do metro, da rima, das aliterações, das<br />

regularida<strong>de</strong>s morfossintáticas, da sinonímia, da paronímia, das correspondências<br />

semânticas. Essas recorrências não querem dizer fusão, pois há graus diferenciados da<br />

sensação, percepção e articulações simbólicas. Todas essas reiterações se dispõem no<br />

interior <strong>de</strong> um fluxo verbal que se “a<strong>de</strong>nsa com a pressão acumulada dos signos”. “A<br />

imagem final, a imagem produzida, que se tem do poema, a sua forma formada, foi uma<br />

conquista do discurso sobre sua linearida<strong>de</strong>; essa imagem é figura, mas não partilha das<br />

qualida<strong>de</strong>s formais do ícone ou do simulacro: proce<strong>de</strong> <strong>de</strong> operações mediadoras e<br />

temporais” (Bosi, 2004, p. 37). A imagem “frásica” é momento <strong>de</strong> chegada do discurso<br />

poético, o que lhe dá um caráter <strong>de</strong> produto temporal, <strong>de</strong> efeito <strong>de</strong> um longo trabalho <strong>de</strong><br />

expressão. As figuras <strong>de</strong> linguagem têm natureza linguística, o que as diferencia da matéria<br />

mesma, visual ou onírica da imagem.<br />

Barros 35 :<br />

Vejamos o pequeno poema <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Luís Carlos da Fonseca Monteiro <strong>de</strong><br />

35 Engenheiro civil e poeta, Luís Carlos <strong>nas</strong>ceu no Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ, em 1880, e faleceu na mesma cida<strong>de</strong><br />

em 1932. Eleito em 20 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1926 para a Ca<strong>de</strong>ira n. 18 da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Música, na sucessão<br />

<strong>de</strong> Alberto Faria, foi recebido em 21 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1926, pelo acadêmico Osório Duque-Estrada. Sob o<br />

funcionário exemplar, existia o poeta, <strong>de</strong> que pouca gente, só os mais íntimos, tinha conhecimento. Pertencia<br />

ele à última geração par<strong>nas</strong>iana, à geração dos discípulos <strong>de</strong> Emílio <strong>de</strong> Meneses e <strong>de</strong> Francisca Júlia.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!