07.04.2013 Views

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Villa-Lobos e Francisco Mignone, professor, fundador do Conservatório Nacional <strong>de</strong><br />

Música, Lorenzo Fernan<strong>de</strong>z (1897-1948) <strong>nas</strong>ceu no Rio <strong>de</strong> Janeiro, filho <strong>de</strong> imigrantes<br />

espanhóis. Escreveu uma das peças brasileiras para orquestra mais executadas e gravadas<br />

em todo o mundo, o célebre Batuque. Além <strong>de</strong> obras para orquestra, compôs para várias<br />

formações <strong>de</strong> <strong>câmara</strong>, mas “sua obra vocal constitui, talvez, sua contribuição mais<br />

meritória para a música brasileira” (Mariz, 2002, p 85). Teve sua formação musical feita<br />

totalmente no Brasil, <strong>de</strong>senvolvendo com seus mestres técnicas musicais pós-românticas e<br />

impressionistas. Com o advento do movimento mo<strong>de</strong>rnista <strong>nas</strong> artes, Lorenzo Fernan<strong>de</strong>z<br />

voltou sua atenção para os elementos musicais do folclore e do cancioneiro popular,<br />

incorporando esses elementos à sua escrita musical, criando assim uma linguagem bastante<br />

particular. Num período <strong>de</strong> afirmação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural brasileira, o compositor soube<br />

se apropriar dos dizeres <strong>de</strong> Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, que entendia o mo<strong>de</strong>rnismo como um<br />

diálogo e não uma ruptura com o passado, quando afirmava em seu Prefácio<br />

interessantíssimo: “a nós compete esquematizar, metodizar as lições do passado”<br />

(Andra<strong>de</strong>, 1987, p. 26).<br />

Ao estudarmos as <strong>canções</strong> <strong>de</strong> Lorenzo Fernan<strong>de</strong>z, torna-se necessário enfocar a<br />

chamada “música nacionalista” brasileira. Caracteriza-se geralmente como música<br />

nacionalista, em oposição à chamada música <strong>de</strong> cunho “universalista” - termo amplamente<br />

utilizado por autores como Neves (1981), Mariz (2002), Gan<strong>de</strong>lman (1983), entre outros -<br />

não ape<strong>nas</strong> aquela composta durante os períodos marcadamente nacionalistas, como o<br />

romantismo ou o mo<strong>de</strong>rnismo brasileiros, mas toda aquela em que se tornam evi<strong>de</strong>ntes<br />

elementos musicais caracteristicamente “nacionais”, ou seja, em que são reconhecidas<br />

manuscritos autógrafos do compositor foram localizados em pesquisas por nós efetuadas na Biblioteca<br />

Nacional <strong>de</strong> Música, na Biblioteca do Conservatório Nacional <strong>de</strong> Música no Rio <strong>de</strong> Janeiro e junto aos<br />

familiares do compositor. Todas as <strong>canções</strong> publicadas foram localizadas, encontrando-se atualmente em<br />

edições esgotadas.<br />

Poucas <strong>de</strong> suas <strong>canções</strong> foram gravadas. Citamos alguns Cds, os quais contêm parte do cancioneiro do<br />

compositor: Montiel (1999), Celine (2002), Felix (1999), Godoy (1993). Referências às suas <strong>canções</strong> são<br />

encontradas <strong>nas</strong> obras <strong>de</strong> Mariz (2002) ou Neves (1981). Publicações acadêmicas específicas sobre suas<br />

<strong>canções</strong> são inexistentes, embora estudos sobre sua obra pianística e instrumental <strong>de</strong> <strong>câmara</strong> po<strong>de</strong>m ser<br />

encontrados em Gan<strong>de</strong>lman (1997) ou Baumann (1996).<br />

Lorenzo Fernan<strong>de</strong>z musicou geralmente um único poema <strong>de</strong> cada poeta, à exceção <strong>de</strong> Olavo Bilac,<br />

Ronald <strong>de</strong> Carvalho e <strong>de</strong>le próprio, <strong>de</strong> quem musicou três, quatro e quatro poemas respectivamente. Quase<br />

todos os poetas musicados por ele eram seus contemporâneos. Além do poeta romântico Castro Alves e dos<br />

par<strong>nas</strong>ianos Olavo Bilac e Leconte <strong>de</strong> Lisle, Lorenzo Fernan<strong>de</strong>z musicou os seguintes poetas neossimbolistas<br />

e mo<strong>de</strong>rnistas: Júlio Salusse, Cecília Meireles, Tasso da Silveira, Renato Almeida, Manuel Ban<strong>de</strong>ira, Ronald<br />

<strong>de</strong> Carvalho, A<strong>de</strong>lmar Tavares, Ribeiro Couto, Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, Cassiano Ricardo, Menotti <strong>de</strong>l Picchia,<br />

Jorge <strong>de</strong> Lima, Múcio Leão, Oscar Lopes, Luiz Carlos, Virgílio <strong>de</strong> Sá Pereira, Paulo Godoy, Belmiro Braga,<br />

Antônio Corrêa d’Oliveira, Eurico <strong>de</strong> Góes, Luiz <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Filho, J. B. Mello e Souza, Honório <strong>de</strong><br />

Carvalho, Gaspar Coelho, Eduardo Tourinho, Octavio Kelly, Osório Dutra e Antônio Rangel Ban<strong>de</strong>ira. (Ver<br />

anexo 1 para lista completa <strong>de</strong> <strong>canções</strong>).<br />

14

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!