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imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

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pensamento que se ocuparam primordialmente das referências intrínsecas ao fato musical<br />

como, por exemplo, as correntes estruturalistas, consi<strong>de</strong>ram que o acesso ao estudo da<br />

significação musical só po<strong>de</strong> ser alcançado por meio do estudo formal da sintaxe musical e<br />

da <strong>de</strong>scrição do aspecto material da obra musical enfocada. Entretanto, termos específicos<br />

utilizados para as <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong> elementos da sintaxe musical, como cadência feminina ou<br />

masculina, cadência interrompida, harmonia suspensa, tensão e resolução, dissonância,<br />

repouso, repetição, variação, não representariam uma introdução <strong>de</strong> dimensões extrínsecas<br />

ao fato musical, <strong>de</strong> julgamentos semânticos, no momento em que po<strong>de</strong>m se referir a um<br />

vasto conjunto <strong>de</strong> outras estruturas que encontramos em diversas experiências da vida?<br />

Pois, certamente, é próprio da natureza repetir, variar, tensionar ou resolver.<br />

105<br />

O intérprete, diante da partitura <strong>de</strong> uma obra musical, constrói sentido. Nesse<br />

ponto, po<strong>de</strong>mos aqui tentar fazer uma distinção entre sentido e significado, senão entre os<br />

dois conceitos propriamente ditos, ao menos entre as maneiras como são empregados. Uma<br />

estrutura musical po<strong>de</strong> fazer sentido para quem a lê e interpreta. É possível falar <strong>de</strong> um<br />

sentido puramente musical, ligado diretamente à forma musical. Assim, um <strong>de</strong>senho<br />

melódico ou <strong>de</strong>terminados enca<strong>de</strong>amentos harmônicos po<strong>de</strong>m fazer sentido no conjunto da<br />

obra musical se tomados em relação a outros elementos musicais da mesma obra ou<br />

mesmo <strong>de</strong> uma obra distinta. O termo significado parece ser raramente utilizado <strong>nas</strong><br />

referências musicais, por evocar uma conexão direta entre significante e significado,<br />

ligando, <strong>de</strong> forma arbitrária sons a conceitos extramusicais. De uma maneira geral, o termo<br />

sentido costuma ser empregado para se referir a significados próprios das estruturas<br />

musicais, enquanto o termo significado diz respeito a referências entre elementos musicais<br />

e elementos que se encontram fora da estrutura, como as experiências <strong>de</strong> vida e os<br />

fenômenos encontrados na realida<strong>de</strong> que nos circunda. Em nossa opinião, vemos a<br />

construção <strong>de</strong> sentido como a atribuição <strong>de</strong> significações – preferimos, neste caso, dizer<br />

ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> interpretantes – à obra musical, significações estas que po<strong>de</strong>m ser tanto intra<br />

como extramusicais.<br />

Como afirma Nattiez, uma das peculiarida<strong>de</strong>s semiológicas da música se <strong>de</strong>ve<br />

à existência <strong>de</strong> dois domínios: referências intrínsecas e extrínsecas. Cada época, cultura ou<br />

teoria ten<strong>de</strong> a privilegiar uma das duas dimensões em <strong>de</strong>trimento da outra, embora, para o<br />

autor, as duas estejam “inextricavelmente mescladas”. Por serem diferentes em natureza, e<br />

para maior clareza analítica, elas po<strong>de</strong>m (<strong>de</strong>vem) ser distinguidas uma da outra. Para<br />

Nattiez, se existe um “ser essencial da música <strong>de</strong>finido a partir <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista

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