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imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

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ser <strong>de</strong>terminante na teoria tradutória benjaminiana. A tradução para Benjamin não busca<br />

assemelhar-se ao sentido do original, mas busca, <strong>de</strong> forma minuciosa e amorosa, o “modo<br />

<strong>de</strong> significar” do original, como vemos a seguir:<br />

Como os cacos <strong>de</strong> uma ânfora, para que, nos mínimos <strong>de</strong>talhes, se possam<br />

recompor, mas nem por isso se assemelhar, assim também a tradução, ao invés<br />

<strong>de</strong> se fazer semelhante ao sentido do original, <strong>de</strong>ve, em um movimento amoroso<br />

que chega ao nível do <strong>de</strong>talhe, fazer passar em sua própria língua o modo <strong>de</strong><br />

significar do original. Do mesmo modo que os cacos tornam-se reconhecíveis<br />

como fragmentos <strong>de</strong> uma mesma ânfora, assim também original e traduções<br />

tornam-se reconhecíveis como fragmentos <strong>de</strong> uma linguagem maior. Mesmo por<br />

isso a tradução <strong>de</strong>ve, em alta medida, renunciar ao intento <strong>de</strong> comunicar algo; o<br />

original lhe é essencial só na medida em que liberou o tradutor e à sua obra do<br />

esforço e da or<strong>de</strong>m da comunicação (BENJAMIN, 1992, p. xvii).<br />

Benjamin (1992, p.xviii) continua explicitando o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> do<br />

tradutor, não como aquele ligado ao sentido, mas precisamente ligado à “literalida<strong>de</strong> na<br />

transposição da sintaxe”. Esta literalida<strong>de</strong> aproximará a tradução da organização interna do<br />

original, ou, <strong>nas</strong> palavras <strong>de</strong> Haroldo <strong>de</strong> Campos (1985, p.4), da “forma significante” do<br />

original. Po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r que o “modo <strong>de</strong> significar do original” é diverso do seu<br />

sentido. É este modo <strong>de</strong> significar, segundo Benjamin, que o tradutor <strong>de</strong>ve ter em mente.<br />

Benjamin confere, pois, outro sentido à literalida<strong>de</strong>. Emancipar-se do sentido da<br />

comunicação é, para Benjamin, justamente a tarefa da fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>. Para o autor, não é <strong>de</strong>ste<br />

sentido que a liberda<strong>de</strong> extrai sua razão <strong>de</strong> ser. Por isso, a tradução corre o risco terrível <strong>de</strong><br />

o sentido “se precipitar e se per<strong>de</strong>r num abismo sem fundo” (1992, p. xxi). O i<strong>de</strong>al <strong>de</strong><br />

tradução <strong>de</strong> Benjamin é aquele em que a literalida<strong>de</strong> e a liberda<strong>de</strong> se unifiquem sob a<br />

forma <strong>de</strong> uma versão interlinear. Para o autor todos os gran<strong>de</strong>s escritos contêm <strong>nas</strong><br />

entrelinhas a sua tradução virtual. A versão interlinear do texto sagrado é, para Benjamin, o<br />

arquétipo ou o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> toda tradução (1992, p. xxi).<br />

Se para Valéry o poeta busca “i<strong>de</strong>ias para suas palavras”, para Benjamin, o<br />

tradutor estaria isento <strong>de</strong> buscar essas i<strong>de</strong>ias, que já estariam pré-constituídas no poema<br />

original. Ao tradutor caberia <strong>de</strong>svelar, <strong>nas</strong> palavras <strong>de</strong> Haroldo <strong>de</strong> Campos (1985, p. 3), um<br />

“código intrassemiótico”, <strong>de</strong>svelar o “modo <strong>de</strong> intencionar” ou “modo <strong>de</strong> formar" do<br />

original. Também, para Valéry, o tradutor lida diretamente com as formas já significantes<br />

do poema <strong>de</strong> partida. A diferença entre os dois autores está em que Valéry não faz<br />

distinção entre poeta e tradutor. Ao permitir a integração das duas funções num mesmo<br />

gênero, ele consi<strong>de</strong>ra que a tradução assemelha-se ao ato <strong>de</strong> escrever poesia pura, ou seja, é<br />

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