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imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

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sem razão que a poesia é por vezes consi<strong>de</strong>rada “como mais próxima da visualida<strong>de</strong> e da<br />

música do que da linguagem verbal” (Santaella, 2001, p. 69). A evocação é o trabalho da<br />

memória que <strong>de</strong>riva <strong>imagens</strong> <strong>de</strong> <strong>imagens</strong>, numa semiose aparentemente sem fim.<br />

Percepção e evocação ocorrem durante o tempo <strong>de</strong> transcurso do poema. Som, visualida<strong>de</strong>,<br />

léxico, sintaxe e semântica nos conduzem às <strong>imagens</strong> visuais do poema, e a outras tantas<br />

<strong>imagens</strong> <strong>de</strong> características diversas.<br />

124<br />

Em uma canção, as <strong>imagens</strong> criadas pelo poema interagem com as <strong>imagens</strong><br />

criadas pela música. A música é a imagem sonora “dada” que se apresenta ao nosso sentido<br />

da audição. O que diferencia as estruturas sonoras percebidas da imagem sonora<br />

“construída” propriamente dita, é que esta última pressupõe atos <strong>de</strong> percepção. Ela resulta<br />

<strong>de</strong> uma operação conceitual – ligada à experiência primeira do perceber – que visa à sua<br />

exploração, sua compreensão, ao seu domínio.<br />

3.3 A percepção sígnica das estruturas musicais: a imagem como<br />

signo<br />

O pensamento opera por tradução. Segundo Peirce (2005, p.269), “sempre que<br />

pensamos, temos presente na consciência algum sentimento, imagem, concepção ou outra<br />

representação que serve como signo”. A linguagem, como tradução dos pensamentos, é,<br />

portanto, tradução das <strong>imagens</strong> que ocorrem na mente. Da mesma forma, traduzimos<br />

estruturas musicais em <strong>imagens</strong>. A percepção sígnica liga as estruturas sonoras entre si e as<br />

remetem a um universo <strong>de</strong> sensações, à experiência <strong>de</strong> mundo, a vivências individuais, a<br />

objetos e situações que nos cercam.<br />

As estruturas musicais e a carga sonora expressiva <strong>de</strong> um poema não alu<strong>de</strong>m<br />

ape<strong>nas</strong> à nossa experiência auditiva. Dizem respeito às categorias sensoriais diversas a<br />

partir das quais construímos <strong>imagens</strong> – percebidas ou evocadas – espaciais, temporais, <strong>de</strong><br />

movimento, <strong>de</strong> sentimentos e emoções que, em última instância, mo<strong>de</strong>lam nossa própria<br />

percepção da música. No processo <strong>de</strong> evocação se <strong>de</strong>scortinam outros universos <strong>de</strong><br />

sentidos que remetem a música à luz, às cores, a diferentes planos no espaço, a texturas,<br />

superfícies lisas, à aspereza, à doçura, à liqui<strong>de</strong>z e à dureza. Desfilamos os termos que<br />

utilizamos para caracterizar os sons: sons doces, aveludados, brilhantes, duros, foscos,<br />

quentes, gelados, termos ligados intimamente às <strong>imagens</strong> captadas pelo olhar, pelo tato,<br />

pelo olfato, pelo paladar.

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