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imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

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sentido apreendido com uma leitura em seu tempo real po<strong>de</strong> ser alterado. A sintaxe se<br />

dilui, assim como o efeito do enca<strong>de</strong>amento das palavras. O poema é sonorizado no tempo,<br />

ganha inflexão e dinâmica. O poema, na canção, é a sua letra.<br />

A canção, do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> sua produção, é uma obra multimídia 16 , por se<br />

utilizar da palavra e da música. Desta forma, a produção <strong>de</strong> uma canção po<strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>rada como uma ação conjunta que envolve a transposição <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> uma<br />

mídia a outra, a criação <strong>de</strong> uma obra multimídia original e a recriação da mídia original. A<br />

canção se constitui como um universo <strong>de</strong> significação ampliado por conter diferentes<br />

mídias, ou seja, diferentes sistemas <strong>de</strong> significação, o verbal e o musical, cada um com sua<br />

coerência individual, com seus elementos próprios que interagem no interior da canção.<br />

O entendimento <strong>de</strong>sse processo nos guiará no estudo e compreensão da canção.<br />

Se a canção po<strong>de</strong> ser vista como uma obra original, ela ganhará autonomia com relação à<br />

forma original do poema <strong>de</strong> partida. Por outro lado, o conhecimento do poema, na maneira<br />

em que originalmente foi escrito, po<strong>de</strong> nos fornecer subsídios para compreen<strong>de</strong>r os<br />

processos composicionais do autor. Cabe-nos verificar a maneira como o compositor<br />

aciona o poema, que elementos elege em sua tradução e até que ponto o poema encontra-se<br />

16 Em seu texto La transposition intersemiotique: pour une classification pragmatique (1995, p 65-80) Leo<br />

Hoek apresenta classificações possíveis para transposições entre textos verbais e picturais (pinturas,<br />

<strong>de</strong>senhos, caligramas), classificação esta que irá <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da existência primeira <strong>de</strong> um ou <strong>de</strong> outro texto, e<br />

das situações <strong>de</strong> comunicação, sejam elas <strong>de</strong> produção ou <strong>de</strong> recepção. Assim, a sucessivida<strong>de</strong> (texto<br />

existente antes da imagem, ou imagem existente antes do texto) caracteriza a perspectiva da produção; a<br />

simultaneida<strong>de</strong> (texto situado em uma imagem, imagem situada em um texto) especifica a perspectiva<br />

própria da recepção. Para o autor, numa situação <strong>de</strong> recepção, um texto misto resulta numa combinação <strong>de</strong><br />

texto e imagem, na qual ambos guardam sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, como por exemplo, posters, anúncios, selos,<br />

quadrinhos, publicida<strong>de</strong>, textos pintados em escritos ou em <strong>imagens</strong>, legendas, ilustrações em livros, etc. Já<br />

no texto sincrético, composto <strong>de</strong> signos heterogêneos, o escrito é composto <strong>de</strong> <strong>imagens</strong>, da mesma forma em<br />

que a imagem é feita <strong>de</strong> escritura, como por exemplo, os caligramas ou a tipografia.<br />

Também o teórico Claus Clüver, em seu texto Inter textus / Inter artes /Inter media (2006, p 11-41)<br />

apresenta três tipos <strong>de</strong> classificações para textos formados por várias mídias: o texto multimídia, que<br />

“compõe-se <strong>de</strong> textos separáveis e separadamente coerentes, compostos em mídias diferentes”, como, por<br />

exemplo, a ópera; o texto mixmídia, que “contém signos complexos em mídias diferentes que não<br />

alcançariam coerência ou autossuficiência fora daquele contexto”, como, por exemplo, o vi<strong>de</strong>oclipe; o texto<br />

intermídia ou intersemiótico, que “recorre a dois ou mais sistemas <strong>de</strong> signos e/ou mídias <strong>de</strong> uma forma tal<br />

que os aspectos visuais e/ou musicais, verbais, cinéticos e performativos dos seus signos se tornam<br />

inseparáveis e indissociáveis”, como, por exemplo, o logotipo, po<strong>de</strong>ndo ser compreendidos como fusão <strong>de</strong><br />

processos e procedimentos midiáticos diversos. Ainda para o autor, “intermidialida<strong>de</strong>” diz respeito não só<br />

àquilo que <strong>de</strong>signamos ainda amplamente como “artes” (Música, Literatura, Dança, Pintura e <strong>de</strong>mais Artes<br />

Plásticas, Arquitetura, bem como formas mistas, como Ópera, Teatro e Cinema), mas também às “mídias” e<br />

seus textos, já costumeiramente assim <strong>de</strong>signadas na maioria das línguas e culturas oci<strong>de</strong>ntais, como as<br />

mídias impressas, como a Imprensa, e também o Cinema, a Televisão, o Rádio, o Ví<strong>de</strong>o, bem como as várias<br />

mídias eletrônicas e digitais surgidas mais recentemente.<br />

Embora a conjugação <strong>de</strong> texto verbal e texto musical na canção apresente suas especificida<strong>de</strong>s, nos<br />

baseamos, nesta tese, para fins <strong>de</strong> uma classificação didática, <strong>nas</strong> classificações “mista”, formulada por Leo<br />

Hoek, e “multimídia”, formulada por Claus Clüver.<br />

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