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imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

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exemplo, o romance <strong>de</strong> 1930, <strong>de</strong> autores como Graciliano Ramos, Raquel <strong>de</strong> Queirós ou<br />

José Lins do Rego.<br />

Assim como na Europa, o gosto musical das camadas sociais dominantes<br />

brasileiras circunscrevia-se a um repertório calcado na tradição clássico-romântica, que era<br />

apresentado em concertos, saraus das socieda<strong>de</strong>s artísticas, teatros <strong>de</strong> ópera, conservatórios<br />

e aca<strong>de</strong>mias. Observa-se no período a circulação, sem prece<strong>de</strong>ntes históricos, <strong>de</strong> partituras<br />

<strong>de</strong> obras clássicas, particularmente para piano ou canto, em ambientes públicos como os<br />

teatros e cafés, assim como <strong>nas</strong> residências burguesas dos principais núcleos urbanos, ou<br />

em se<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fazendas <strong>de</strong> café abastadas.<br />

Segmentos <strong>de</strong> uma elite intelectual, conhecedores dos movimentos mo<strong>de</strong>rnistas<br />

na Europa, iniciam um movimento pela renovação das artes e educação. Oswald <strong>de</strong><br />

Andra<strong>de</strong> retorna da Europa totalmente conquistado pelo futurismo. Em 1917, a exposição<br />

da pintora Anita Malfatti, com técnicas e i<strong>de</strong>ias ligadas ao cubismo, chocariam o público e<br />

<strong>de</strong>spertariam a indignação da crítica especializada. Pouco antes <strong>de</strong>ssa exposição,<br />

encontram-se pela primeira vez Oswald e Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, figuras essenciais <strong>de</strong>ntro do<br />

mo<strong>de</strong>rnismo brasileiro. A atualização dos recursos técnicos e revisão dos conceitos<br />

estéticos eram os gran<strong>de</strong>s temas <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates por volta <strong>de</strong> 1920, travados principalmente por<br />

jovens escritores.<br />

Alguns dos dogmas futuristas eram pontos fundamentais a serem enfocados<br />

pelos mo<strong>de</strong>rnistas: abandono do estudo acadêmico, a libertação <strong>de</strong> toda a influência do<br />

passado e o combate ao sentimentalismo fácil. Sem, entretanto, filiarem-se ao futurismo<br />

italiano, recusando-se mesmo a serem categorizados como tais, a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> “futurista”<br />

implicava na atitu<strong>de</strong> revolucionária dos militantes brasileiros, <strong>de</strong>fensores da causa do<br />

mo<strong>de</strong>rnismo. E, realmente, o caráter <strong>de</strong> choque encontrado no futurismo europeu esteve<br />

presente no movimento brasileiro, principalmente na área literária, como era <strong>de</strong> se esperar,<br />

<strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> o grupo mo<strong>de</strong>rnista constituir-se principalmente <strong>de</strong> escritores.<br />

Se, por um lado, os mo<strong>de</strong>rnistas rebelavam-se contra o nacionalismo<br />

romântico, contestando a exacerbação do “nativismo” e a ênfase em personagens<br />

indíge<strong>nas</strong>, então tomados como o símbolo do povo brasileiro – o mesmo acontecendo com<br />

a obra <strong>de</strong> Carlos Gomes – por outro lado, a preocupação em encontrar “verda<strong>de</strong>iros”<br />

símbolos <strong>de</strong> brasilida<strong>de</strong> e em construir obra que refletisse o povo e a terra brasileira<br />

continuou presente e fez com que o mo<strong>de</strong>rnismo não ape<strong>nas</strong> enfatizasse, como se tor<strong>nas</strong>se<br />

um dos gran<strong>de</strong>s sustentáculos do nacionalismo brasileiro.<br />

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