07.04.2013 Views

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

2.2 Em busca da cultura popular<br />

Se o objetivo que unia todas as artes era a construção <strong>de</strong> uma linguagem<br />

artística essencialmente brasileira, na música essa brasilida<strong>de</strong> será buscada na cultura<br />

popular, por meio <strong>de</strong> pesquisas temáticas e técnicas <strong>de</strong> suas linguagens. A preocupação<br />

com a atualização técnico-estética do Brasil no campo musical coincidirá com a construção<br />

<strong>de</strong> um projeto em prol da criação <strong>de</strong> uma música brasileira nacionalista.<br />

O programa nacionalista coinci<strong>de</strong> com uma época <strong>de</strong> pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estilos<br />

musicais (Impressionismo, Expressionismo, Neoclassicismo, Neorromantismo) e <strong>de</strong><br />

linguagens (atonalismo, do<strong>de</strong>cafonismo, modalismos, politonalida<strong>de</strong>), além <strong>de</strong><br />

procedimentos musicais como a polirritmia e a introdução <strong>de</strong> ruídos na música. As<br />

tendências musicais internacionais eram do conhecimento <strong>de</strong> músicos brasileiros (Villa-<br />

Lobos, Luciano Gallet, Lorenzo Fernan<strong>de</strong>z, Francisco Mignone) e já haviam sido<br />

colocadas em prática por Villa-Lobos em obras escritas antes mesmo da Semana <strong>de</strong> 1922,<br />

a exemplo <strong>de</strong> seu Uirapuru, no qual utiliza novas combinações sonoras <strong>de</strong> instrumentos<br />

como o reco-reco, o tamborim e o violinofone.<br />

A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização do folclore juntamente com as linguagens<br />

musicais contemporâneas implicou numa série <strong>de</strong> questionamentos sobre a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

nacional, sobre a concepção do folclore como elemento verda<strong>de</strong>iramente brasileiro e<br />

síntese da fala do povo, além <strong>de</strong> levantar as questões sobre a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> uma<br />

metodologia própria <strong>de</strong> escrita musical emancipada das correntes plurais da música<br />

europeia.<br />

Os mo<strong>de</strong>rnistas consi<strong>de</strong>ravam a fase nacionalista como o apogeu <strong>de</strong> toda a<br />

história da música brasileira, justificando assim o retorno às tradições populares. Desta<br />

forma, a internalização do popular no nacional, ou seja, na música erudita nacional, foi<br />

consi<strong>de</strong>rada pelos teóricos do mo<strong>de</strong>rnismo como uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização e progresso.<br />

Por esta razão, o mo<strong>de</strong>rnismo, “transfigurou-se no índice propulsor da criação <strong>de</strong> um<br />

projeto hegemônico (arte culta/folclore), associado, sob alguns matizes, à força da tradição:<br />

Neoclassicismo e Neorromantismo” (Contier, 1992, p. 272).<br />

Os intelectuais consi<strong>de</strong>ravam que o “povo brasileiro” era ainda inexistente,<br />

<strong>de</strong>vido à impossibilida<strong>de</strong> que ocorrera, até então, <strong>de</strong> uma integração <strong>de</strong> valores intelectuais<br />

ou artísticos entre as três “raças”: brancos, índios e negros. Na abertura <strong>de</strong> seu Ensaio<br />

sobre a Música Brasileira, Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> (1972, p.13) diria: “a nação brasileira é<br />

42

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!