07.04.2013 Views

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

213<br />

A frase seguinte inicia-se com um acor<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mi menor que ao mesmo tempo<br />

em que resolve a dominante anterior, já ambienta o campo harmônico <strong>de</strong> Lá funcionando<br />

como dominante menor. A articulação anterior e o novo material harmônico e melódico<br />

que se segue sugerem uma nova seção em Lá m, com duas frases musicais correspon<strong>de</strong>ntes<br />

aos versos paira no ar um longo beijo doloroso, caricioso... e ao verso A tar<strong>de</strong> cai. A<br />

primeira frase <strong>de</strong>senha-se como um arco, inicia-se no tempo forte e apresenta o ponto <strong>de</strong><br />

maior tensão da canção, atingindo a nota mais aguda da tessitura da voz. O compasso<br />

ternário esten<strong>de</strong> o tempo da palavra doloroso, esten<strong>de</strong>ndo o tempo da memória. É como se<br />

a imagem da canção saltasse da imagem percebida, a imagem do céu, presente nos versos<br />

anteriores, para uma pungente e dolorida imagem da memória (Exemplo 30). Essa primeira<br />

frase se articula na palavra caricioso e, finalizando, temos uma cadência interrompida<br />

(com o acor<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fá # meio diminuto com a nota Dó no baixo).<br />

Exemplo 30: Vesperal, compassos 6 a 12.<br />

Na próxima frase: A tar<strong>de</strong> cai... (Exemplo 29) segue-se uma região <strong>de</strong><br />

ambiguida<strong>de</strong> harmônica, que cria vínculos tanto com o Lá menor quanto com o Mi menor.<br />

O acor<strong>de</strong> inicial <strong>de</strong> Mi menor com Ré no baixo tanto funciona como dominante, dando<br />

sequencia à tonalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lá, quanto repousa na tonalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mi. Ao final <strong>de</strong>ssa frase, o<br />

acor<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fá# meio diminuto, <strong>de</strong>sta vez com o Lá no baixo, tem função <strong>de</strong> subdominante,<br />

constituindo a cadência plagal. A cadência inconclusa, a fermata sobre a palavra cai e a<br />

alteração do compasso sugerem um tempo <strong>de</strong> espera ainda mais longo. A imagem<br />

percebida do entar<strong>de</strong>cer abre espaço para as <strong>imagens</strong> da memória, no tempo prolongado,<br />

<strong>nas</strong> reticências.<br />

O início da próxima frase, a sombra <strong>de</strong>sce sobre o mundo, <strong>de</strong> novo contém a<br />

resolução da frase anterior. A canção retoma como uma recapitulação, mas a frase

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!