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imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

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extrapolando a intenção do registro momentâneo da impressão física que aponta para o<br />

real. O Impressionismo torna-se uma ponte para a representação simbólica quando se<br />

exprime por meio <strong>de</strong> formas ambíguas, cada vez mais abstratas, que se afastam do<br />

referente real. Já o símbolo, este não po<strong>de</strong> mais ser <strong>de</strong>vassado em sua integrida<strong>de</strong>, e<br />

engendra uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretantes que serão percebidos <strong>de</strong> acordo com cada leitor,<br />

fruidor. Se a atitu<strong>de</strong> impressionista oculta, <strong>de</strong>ixando, porém, entrever os aspectos da<br />

realida<strong>de</strong>, o Simbolismo abstrato “gera-se no enigma e faz-se através <strong>de</strong>le” (Reis, 2001,<br />

p.361). O símbolo, na medida estabelecida pelo Simbolismo, é essencialmente in<strong>de</strong>finível<br />

e inesgotável. Assim, nos dizeres do poeta Mallarmé:<br />

Referir-se a um objeto pelo seu nome é suprimir as três quartas partes da fruição<br />

do poema que consiste na felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adivinhar pouco a pouco; sugeri-lo, eis o<br />

que sonhamos. É o uso perfeito <strong>de</strong>sse mistério que constitui o símbolo; evocar<br />

pouco a pouco um objeto para mostrar um estado <strong>de</strong> alma, ou, inversamente,<br />

escolher um objeto e <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r <strong>de</strong>le um estado <strong>de</strong> alma por uma série <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cifrações (MALLARMÉ apud MURICY, 1952, p.31).<br />

Na arte <strong>de</strong> Mallarmé, o poeta <strong>de</strong>ixa-se conduzir pelo fluxo da linguagem, que<br />

apresenta sua razão. Verlaine apregoa a musicalida<strong>de</strong> do verso. Para Rimbaud, a palavra é<br />

realida<strong>de</strong> concreta, pintura <strong>de</strong> vogais movimentadas por consoantes. As relações entre as<br />

diferentes esferas dos sentidos invocadas por Bau<strong>de</strong>laire no soneto Correspon<strong>de</strong>nces<br />

corporificam-se na matéria poética. A disposição das palavras no papel, o uso <strong>de</strong> espaços<br />

brancos, a forma plástica do poema, pausas e rupturas sintáticas que se manifestam na<br />

poesia <strong>de</strong> Mallarmé frutificarão mais tar<strong>de</strong> <strong>nas</strong> poéticas <strong>de</strong> vanguarda do século XX. Poetas<br />

do chamado veio crepuscular do Simbolismo, exilados em atmosfera penumbrosa e<br />

realizando uma poesia intimista, serão responsáveis pela diluição da métrica acadêmica,<br />

levando à prática do verso livre. Segundo Bosi (1979, p. 298) seus ritmos rarefeitos e tons<br />

melancólicos po<strong>de</strong>m ser percebidos nos poemas dos mo<strong>de</strong>rnistas Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> e<br />

Manuel Ban<strong>de</strong>ira.<br />

O trabalho dos poetas simbolistas franceses esteve intimamente associado ao<br />

impressionismo <strong>de</strong> Debussy, que até em suas últimas obras preocupou-se com assuntos<br />

expressivos, com programas e textos poéticos que foram importantes para a forma e o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> suas i<strong>de</strong>ias musicais. Sua única ópera, Pelléas et Mélisan<strong>de</strong>, foi escrita<br />

a partir <strong>de</strong> texto <strong>de</strong> Maeterlinck. Muitas <strong>de</strong> suas composições ligaram-se à representação <strong>de</strong><br />

ce<strong>nas</strong> ou paisagens, a exemplo <strong>de</strong> La Mer, Clair <strong>de</strong> Lune, do Prélu<strong>de</strong> à l’aprés-midi d’un<br />

faune, sobre texto <strong>de</strong> Mallarmé, e <strong>de</strong> suas inúmeras <strong>canções</strong> <strong>de</strong> <strong>câmara</strong>.<br />

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