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imagens de brasilidade nas canções de câmara de lorenzo fernandez

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eferente a um personagem em momentos temporais e situações diversas, o narrador<br />

constrói a sua história.<br />

Ó Fulô, ó Fulô!<br />

(Era a fala da Sinhá)<br />

- Vai forrar a minha cama<br />

pentear os meus cabelos,<br />

vem ajudar a tirar<br />

a minha roupa, Fulô!<br />

Essa negra Fulô!<br />

Essa negra Fulô!<br />

187<br />

Entremeando os quadros uma expressão reiterada diversas vezes: Essa negra<br />

Fulô! vai assumindo diferentes sentidos <strong>de</strong> acordo com o contexto e a entonação do leitor.<br />

Po<strong>de</strong>, por exemplo, assumir a expressão <strong>de</strong> assombro do senhor diante da negra se<br />

<strong>de</strong>spindo ou a expressão <strong>de</strong> ódio da senhora diante dos roubos da escrava, ou mesmo <strong>de</strong><br />

candura com as cantigas <strong>de</strong> ninar da negrinha ou <strong>de</strong> sarcasmo diante da astúcia da negra.<br />

Com distanciamento o poeta <strong>de</strong>screve uma situação <strong>de</strong> uma forma aparentemente<br />

apartidária, em seu discurso citado, sem emitir qualquer julgamento <strong>de</strong> valor. Mas algumas<br />

questões se realçam e <strong>de</strong>ixam transparecer uma certa simpatia do narrador pela negra,<br />

como, por exemplo, a sua beleza,<br />

(...)uma negra bonitinha<br />

Chamada negra Fulô.<br />

uma certa meiguice <strong>de</strong> suas cantigas,<br />

“Minha mãe me penteou<br />

minha madrasta me enterrou<br />

pelos figos da figueira<br />

que o Sabiá beliscou”.<br />

ou o enfeitiçamento que causa no Sinhô,<br />

O Sinhô foi ver a negra<br />

levar couro do feitor.<br />

A negra tirou a roupa.<br />

O Sinhô disse: Fulô!<br />

(A vista se escureceu<br />

que nem a negra Fulô!)<br />

enquanto <strong>de</strong>stacam as qualida<strong>de</strong>s negativas da senhora: sua preguiça e os seus <strong>de</strong>smandos:

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