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EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 11/243
mercado de produtos como no mercado de trabalho, possibilitadas pelos
desenvolvimentos tecnológicos e facilitadas pela volta às ideologias políticas de
direita, que transformaram em verdades universais o equilíbrio fiscal, a
desregulação dos mercados, a abertura das economias e a privatização dos serviços
públicos. Nos dois países, a política governamental incentivava o individualismo
empresarial, ressaltando a importância do empreendedorismo para o bem estar
econômico da nação. O termo pode designar tanto a empresa como o espírito
empreendedor. O modelo da empresa comercial – a empresa privada que opera em
uma economia livre – é promovido por políticas que objetivavam o domínio do
mercado livre e a intensificação da competição, e que rejeitavam o papel do estado
como determinador da oferta e da demanda (por meio das variáveis
macroeconômicas), que caracterizaram o período do pós-guerra. A palavra
empreendedor tem conotações de iniciativa, energia, independência, coragem, autoconfiança
e a vontade de assumir riscos e de aceitar responsabilidade pelas próprias
ações e nesse sentido, a cultura do empreendedorismo é aquela em que a aquisição e
o exercício dessas qualidades é valorizado e encorajado.
Dentro dessa perspectiva, os sindicatos são vistos como inibidores da iniciativa
individual e da cultura do empreendedorismo, uma vez que impõem as condições de
uma negociação coletiva. Por outro lado são vistos como entidades que, ao
protegerem os empregados, sua ação diminui o senso de responsabilidade e as
aspirações de cada um, criando uma cultura da dependência. Esses fatores
influenciam o redirecionamento da legislação trabalhista, o que reduz o poder dos
sindicatos e aumenta o das organizações. Cada vez mais o estado e as organizações
transferem às pessoas a responsabilidade pelo próprio destino, tornando saúde,
educação, aposentadoria, a aquisição da casa própria, etc., problemas da ação
individual, de tal sorte que pode-se dizer que “a cultura do empreendedorismo
apresenta uma ideologia em que a prosperidade e a justiça social são melhor
alcançadas através de indivíduos empreendedores, que exercem seus talentos e
iniciativa em organizações privadas, em uma economia livre” (Legge, 1995, p. 88).
R ELATÓRIO DE P ESQUISA Nº 1/2002