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EAESP/FGV/NPP - NÚCLEO DE PESQUISAS E PUBLICAÇÕES 237/243
a mudanças nos processos de trabalho. “Mudar a cultura” parece ser utilizado de forma ampla,
como diagnóstico e solução de inúmeros problemas.
Um elemento comum aos três grupos é o fato de que os sentimentos em relação à mudança são
ambíguos: a necessidade de mudar é reconhecida, mas o processo de fazê-la acontecer parece ser
penoso. As dificuldades da mudança estão, em geral, associadas à idéia de que as pessoas são
resistentes à mudança, o que pode comprometer o planejamento e a implantação dos processos,
uma vez que qualquer obstáculo poderá ser atribuído à falta de cooperação das pessoas. Desta
forma, o processo como um todo já vem associado, a priori, a sentimentos negativos e a
dificuldades a serem enfrentadas.
5) Problemas financeiros
Os problemas financeiros também foram citados com uma frequência significativa,
principalmente, por serem colocados como fatores restritivos da ação da área de RH.
Declarações como “já conseguimos muito, dadas as condições da empresa”, “se voltar a crescer,
poderemos voltar a ser um RH efetivo”, “é preciso, primeiramente, aumentar as receitas da
empresa”, “custos são muito altos”, etc., foram usadas como justificativas para uma atuação
limitada, apesar do reconhecimento da existência de problemas na gestão das pessoas.
É expressivo o número de entrevistados que mencionou estar a empresa atravessando um
período difícil, com problemas financeiros. Entretanto, o que mais chamou a atenção foi a
relação que os entrevistados estabeleciam entre o desempenho financeiro da empresa e a gestão
de RH. Uma frase que caracteriza o tipo de relação estabelecida é “...se a empresa crescer, nós
poderemos voltar a ser um RH...”. A frase mostra, e a entrevistada também mencionou, que a
área de RH já havia sido mais efetiva e que, devido a problemas financeiros, sua atuação foi
sendo limitada a recrutar, selecionar e fazer pagamentos. Dois outros entrevistados contaram
que, assim que os problemas financeiros começaram, o treinamento e outros benefícios (escola
para funcionários e familiares, por exemplo) foram cortados. Estes relatos ilustram que, para
algumas empresas, a relação com os trabalhadores é, principalmente, baseada nos custos que
eles representam e que as atividades de RH são vistas como custos adicionais.
Merece destaque, também, o fato de que, entre os entrevistados que citaram os problemas
financeiros como um impedimento a uma ação mais efetiva da área de RH, nenhum mencionou
a possibilidade de se gerir pessoas para alavancar a competitividade da organização, ou seja, a
solução dos problemas financeiros não é associada a uma gestão de pessoas atreladas a objetivos
estratégicos a serem atingidos. O objetivo primordial é a solvência, a própria continuidade da
empresa e nesta situação, todos os esforços convergem para a maximização de receitas e
minimização de custos.
R ELATÓRIO DE P ESQUISA Nº 1/2002