JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

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[...] só podiam ser batizados se nisso consentissem. Eram vistos,
portanto, como seres humanos iguais aos outros, dotados de livre
arbítrio e capacidade decisória. Entretanto, havia a ressalva que se
fossem extremamente “buçais” e nada compreendessem, poderiam ser
batizados, o que abre caminho para a imposição. (SCARANO, 2006,
p.119).
Para Nizza da Silva (1993), revendo os estudos dos historiadores na época de D.
Maria I e D. João VI, revela que os registros dos batizados “em relação a índios
“domesticados” ou escravos recém-chegados de África, a idade também nunca é
indicada, embora a palavra “inocente” deixe de ser empregada quando se tratava de
baptizandos mais velhos ou mesmo adulto”. (NIZZA DA SILVA, 1993, p. 14).
Há, desde o século XVI, preocupação em adestrar a criança. “Compartilhado
pelos pais, médicos e educadores” (DEL PRIORE, 2006, p.104). Os cuidados com a
primeira idade, ‘infância’, os “meúdos” se destacam. “Entre os séculos XVI e XVIII, com
a percepção da criança como algo diferente do adulto, vimos surgir uma preocupação
educativa que traduza-se em sensíveis cuidados de ordem psicológica e pedagógica.”
(DEL PRIORE, 2006, p. 105).
A educação parece representar sinônimo de controle e disciplina. Estes como
sinônimos de força e violência. O castigo, a disciplina e a ameaça compõem um modo
antigo de ensinar. Áries (1981) já afirmava que o ensino vem das tradições monásticas,
com objetivos de uma estrutura autoritária e disciplinar. Constituía-se em uma prática
comum que os religiosos, importados pelos primeiros padres da Companhia de Jesus,
relacionada ao processo de ensinar. A inspiração está no Divino. Anchieta (1564 apud
DEL PRIORE, 1991, p.13) representa bem esse pensamento: “O amor do pai, ou do
educador espelha-se naquele divino, no qual Deus ensinava que amar “é castigar e dar
trabalho nesta vida”. Os “vícios e pecados” deviam ser combatidos com “açoites e
castigos”.” Esse momento significou no Brasil, com a chegada dos jesuítas, uma
oportunidade identificada por Del Priore (1991), pela expansão da catequese e de
renúncia da cultura autóctone das crianças indígenas, por não ter alcançado ainda a
sedimentação de certos valores.
A formação social da criança é marcada pelo uso da força. Del Priore (2006)
explicita que há diferenciação de respostas dos códigos de comportamentos entre as