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JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

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de novembro de 1948, no qual o autor culpa literalmente os pais de filho único que tem<br />

“tendências a se afastar do mundo real, de querer um mundo que se ocupe só com<br />

êle”. Se assim for, “a culpa é sempre dos pais” (S/A, Novembro, 1948, p. 125).<br />

Estamos constatando, por parte dos especialistas que escrevem para as mães,<br />

um olhar menos rígido e menos impessoal sobre a criança. Esta parece em destaque<br />

como um ser diferenciado do mundo adulto. Seu futuro (adulto) será determinado pela<br />

boa conduta do binômio pai–mãe, em relação à acolhida desse ser pequeno e infantil.<br />

O especialista inscreve-se em como educar a mãe a ver o filho como criança<br />

(será mesmo que as mães não concebem os filhos como criança, mas como adulto em<br />

miniatura?).<br />

Uma marca que vem se firmando na revista A Cigarra é a de conduzir o<br />

tratamento da mãe com a criança, de modo a zelar pela emoção dos filhos. Na edição<br />

de março de 1949 encontramos os seguintes exemplos:<br />

291<br />

O melhor é não dá ordens, mas pedir com carinho. Em vez de levar o<br />

bebê a força para a cama, o melhor é dizer – “O ursinho está com sono,<br />

você não quer ir para cama com ele?”A Criança quer as coisas “a seu<br />

modo”.<br />

[...]<br />

Os pais tem obrigação de ensinar desde cedo aos filhos o modo de<br />

controlar as emoções; formando neles hábitos emocionais sadios.<br />

[...]<br />

As crianças cujos pais querem exibir constantemente, exigindo dela<br />

coisas superiores às suas forças, terminam com um medo constante de<br />

não ser “bem bastante” de causar decepção aos pais, de não servir para<br />

nada.<br />

[...]<br />

A criança que teme diante dos pais e vê sempre neles o fantasma das<br />

punições não pode ser emocionalmente sadia. (S/A, Março, 1949, p.<br />

122).<br />

Nesses dez anos, a família foi lugar de intervenção dos especialistas, na<br />

condução da mãe como gestora do espaço privado. A ‘rainha do lar’ imperava sozinha<br />

nesse território. Estar sozinha não representou isolamento, uma vez que esse era um<br />

papel a ser cumprido só. Não poderíamos falar de abandono, era antes sua missão,<br />

sua sacra missão. O marido e pai, provedor, cabe assegurar que a mulher não se<br />

afaste de sua missão, e não se importune com as coisas do mundo do lar e da criação<br />

dos filhos, como marido e pai.

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