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JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

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medicar. Há, no entanto incongruência em relação a essa determinação de De Lamare,<br />

uma vez que em alguns artigos escritos por ele, há a descrição de medicação e<br />

procedimentos a serem utilizados pela mãe relação à criança disponibilizada em sua<br />

seção ‘Conselhos às Mães’.<br />

O outro aspecto destacado é a imprecisão que o autor coloca a mãe, como quem<br />

efetivamente vai acolher a criança em seu cotidiano. Quando o autor se refere à mãe<br />

dizendo ‘que muitas vezes é ela mesma quem executa’, deixa escapar a participação<br />

reconhecida de outra pessoa para exercer essa tarefa. Então, não seria totalmente<br />

verdadeiro acreditar que seria a mãe a grande responsável pela criação da criança no<br />

contexto familiar. Fica a compreensão de que, além dela, a mãe, há a ‘ama-seca’,<br />

‘babá’ etc.<br />

Em relação à presença de uma ‘ama-seca’, ‘babá’, ‘empregada’, responsáveis<br />

pela alimentação da criança, encontramos também resistência do especialista médico<br />

na aceitação de suas ações diretas com a criança. E a fundamentação sempre esteve<br />

pautada em higiene das famílias. Del Priore (2009) já apontava o combate às amas de<br />

leite desde o século XVIII; e as ‘amas-secas’ enfrentarão no século XX, um controle<br />

muito parecido como as amas de leite. Trata-se de uma ação médica, como função de<br />

polícia. Observamos que De Lamare omite nesse artigo a discussão do segundo fator<br />

elencado por ele importante na compreensão da cura, que seria a higiene; todavia,<br />

exerce na prática uma vigilância acirrada em cada passo das mães em relação ao<br />

cuidado da criança, com base nas determinações dos médicos puericultores e<br />

higienistas.<br />

A presença dessas mães substitutas nas vidas das crianças das famílias de<br />

classe mais favorecidas parece ser habitual. No artigo de 22/08/1942, De Lamare,<br />

explorando o tema que envolve a tuberculose na infância, contribui para essa<br />

compreensão:<br />

178<br />

Rápidas foram as hipóteses levantadas. Deixamos, porém,<br />

deliberadamente, a mais séria por fim. E essa reside nas “amas secas”.<br />

Entre a classe pobre e mestiça, que geralmente é a maior vítima da<br />

tuberculose, que são contratadas grande número de amas. O processo<br />

mais seguro é, antes de admiti-las, exigir um exame clínico ou melhor<br />

radiográfico, que poderá ser obtido fácil e grandiosamente nos postos do<br />

governo ou nos hospitais de caridade, com ou sem fornecimento da

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