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A MULHER<br />

O universo das leitoras dessas revistas é constituído, como vimos, por mulheres<br />

de um médio a alto poder aquisitivo, e de serem alfabetizadas. Esse público não se<br />

caracterizava, nesse início de século XX, em número extensivo de mulheres<br />

alfabetizadas como já demonstrara o historiador Fausto (2009), ao retratar as<br />

mudanças ocorridas no Brasil em dois censos nacionais, o de 1920 e o de 1940. Rios<br />

(Fon Fon), uma das especialistas a escrever para uma das revistas, já preconizava que<br />

a mãe precisava ter estudos para compreender “o crescimento, a educação e a saúde<br />

da criança”. Podemos afirmar também que essas mulheres compõem uma parcela<br />

diminuta da elite brasileira, que poderiam não só adquirir as revistas como também<br />

fazer parte do interesse midiático de consumo e de uma verdadeira ‘doutrinação’ de um<br />

fazer higiênico estabelecido pela comunidade médica.<br />

Todo o esforço da puericultura e do higienismo no Brasil foi de alcançar as<br />

famílias e, particularmente, as mulheres mães das camadas mais pobres. Uma<br />

verdadeira ‘limpeza’ estava em andamento nesse início de século, sobretudo nas<br />

grandes cidades. As ações tiveram várias políticas de intervenção que abrangem<br />

frentes distintas, mas interligadas no objetivo de higienizar. Desse modo, as<br />

organizações do planejamento urbano em suas construções sofreram mudanças<br />

radicais, modificando a paisagem urbana, sobretudo em suas regiões centrais; além<br />

das intervenções nos cuidados com a saúde preventiva e curativa das crianças, dado<br />

os altos índices de mortalidade infantil.<br />

A classe média e alta, já beneficiada pelas condições sócio-política e econômica,<br />

precisava ver-se livre das ameaças que a proximidade da convivência com a população<br />

de baixa renda apresentava em seu cotidiano. Um modo vulnerável nessa comum<br />

convivência estava a constituída herança portuguesa de ter os filhos sendo cuidados<br />

pelas escravas e amas de leite. Não representava para a mulher da elite brasileira a<br />

atribuição de tarefas que exigissem tanto esforço como limpar criança, acompanhar as<br />

brincadeiras, cuidar dos ferimentos, embalá-la e amamentá-la. Esforço dessa<br />

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