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JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

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226<br />

[...] o castigo é sempre uma forma de vingança do mais forte contra o<br />

mais fraco, formula perfeitamente inútil, que aplicada ao homem em<br />

sociedade, quer à criança no seio da família. Está mais que provada a<br />

incoerência dos castigos. O castigo reprime ainda mais o sentimento.<br />

[...]<br />

Uma criança castigada é uma criança recalcada e afeita sempre,<br />

absolutamente sempre, a reincidir nas suas travessuras. Uma criança<br />

constantemente castigada se torna cínica. Vicia-se, tal e qual o<br />

prisioneiro, o criminoso. Diz também que jamais reincidirá na “falta”,<br />

passando a obedecer, daí por diante, o “papai”, ou a “mamãe”, mas, no<br />

fundo, quer se vingar dos progenitores na primeira oportunidade.<br />

[...]<br />

Certas mães gostam muito de “bater” nos filhos, sem saberem, talvez,<br />

que só o fazem para espiar as próprias faltas do “papai”, na suposta<br />

“culpa” de seus fedelhos... Elas não podem (ou pelo menos é mais<br />

difícil...) vingar-se no pai. Vingam-se então, nos filhos.<br />

[...]<br />

[...] a criança deve ser dirigida, educada, através da compreensão<br />

criteriosa e domada. Ela, a criança, precisa saber porque não deve<br />

cometer “aquela falta”. Deve saber o que é lícito fazer. Castigar é<br />

reprimir. É odiar. A “lei do talião”, esta enraizada na alma humana. Não<br />

se castiga impunemente. Uma criança castigada é uma criança que se<br />

prepara para vingar-se. Essa vingança pode não recair na família, mas<br />

cairá na sociedade. Os castigos infantis preparam os homens<br />

delinquentes. Eles cometem crimes justamente para serem castigados.<br />

(SILVA, 25/04/40, p. 32).<br />

Se esse processo educativo não é cumprido pela família, haverá transtornos.<br />

Estes são considerados por Silva como sendo provocados socialmente por<br />

delinquência do adulto e, na verdade, e em última instância, de responsabilidade da<br />

mãe. Uma sociedade comprometida é o reflexo de uma família que não cumpriu com o<br />

dever de educar, de zelar pela formação da ‘alma’ infantil. Construir esse ““Eu” moral,<br />

eis o trabalho verdadeiramente árduo dos pais e dos educadores. Os vícios de<br />

educação se apresentam, destarte como terríveis consequências na vida futura da<br />

criança.” (SILVA, 30/05/40, p.37)<br />

Quem tem a função dentro da esfera privada do lar de atentar pelo<br />

desenvolvimento da criança é a mãe, então, é ela quem castiga. É ela que compromete<br />

a criança e, consequentemente, a sociedade. Vejam o exemplo do que o autor<br />

estabelece em relação à educação religiosa: “A se dar uma educação religiosa a<br />

nossos filhos, devemos evitar que eles acreditem em Deus, por medo. Esse temor de

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