JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

Fundamentado na resolução do complexo de Édipo, o autor retrata a natureza da
criança em imitar os progenitores; meninos imitam o pai, as meninas, a mãe:
247
Se aquelas são vaidosas, desde logo a vaidade se revela nas filhas.
Hoje anseiam um chapeuzinho como o da “mamãe”... Querem, também,
pintar as unhas, passa o “baton” nos lábios. Precisam de uma rede para
os cabelos e de um punhado de grampos para prender os penteados”. ...
“O filho procura, por outro lado, imitar o pai. É o seu papel carbono...
Quer ser o que o pai é... Para uma criança, durante essa fase, não
existe ninguém maior que o pai!. Deseja vestir como ele. Copia-lhe todos
os gestos e atitudes, os tiques, os cacoetes, os defeitos [...]. (SILVA,
01/02/40, p. 23).
Até mesmo a vocação profissional dos filhos é analisada nesse contexto. O
autor, ao referir-se à consolidação da vocação e da influencia da família permite
vislumbrar que a criança imita os pais:
A influência do ambiente familiar reflete-se sugestivamente no espírito
da criança. Mas, isto não chega a ser tudo. Além disso, o simples desejo
infantil pode ser (e é, quase sempre puramente transitório, visto estar
atravessando a criança uma fase de verdadeira “macaqueação” paterna
[...]. (SILVA, 29/02/40, p.31).
Segue orientando em sua seção destinada as mães, da necessidade de
oportunizar a criança o desligamento desse processo de identificação parental, para
ascender a uma personalidade única: “[...] devemos conduzir a alma infantil para a
“originalidade”. Isto é, ensinar a criança a construir a sua própria personalidade
evitando os exageros da imitação, condenando a repetição, incentivando a criação.”
(SILVA, 01/02/40, p.23).
Afinal, quem é a criança de Silva?
É um ser primitivo:
É um ser desejante:
A criança na sua expressão real, é um primitivo. É por isso, através dela
é que a psicanálise vai buscar a maior parte do seu material de
pesquisa. (SILVA, 04/04/40, p. 32).