JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

conhecimentos da ‘nova ciência’, a psicanálise. De posse dessa ciência, Silva (Vamos
Ler) não só procurou apresentar ao público leigo essa forma de conhecimento que a
medicina vinha tratando recentemente (1940) sobre a compreensão da alma humana,
como também revelar que no contexto relacional da mãe com a criança resultará uma
forte influência em sua psique.
Silva desvelou o mundo infantil orientando as mães sobre as necessidades da
‘alma’ da criança. Evidenciava que o modo como a ‘alma infantil’ fora tratada, resultará
em um adulto com maiores ou menores transtornos. Dessa forma, sua intervenção nos
artigos procurava proteger a criança de uma má influência do adulto, particularmente da
mãe. Exigirá por parte dela, e falando em nome da família, que o processo educativo de
zelar pelo desenvolvimento da criança, a ‘alma infantil’, deve ser cumprido sob pena de
ver o filho constituído em um delinquente quando adulto. Silva, nesse contexto, afirma
que a mãe ao comprometer a criança, compromete toda a sociedade.
Com tamanha responsabilidade atribuída à mãe, a ação desse especialista junto
à família faz-se necessária. E Silva (Vamos Ler) se empenhará para determinar a forma
correta da mãe agir e proceder com a criança, por considerá-la incapaz ou perigosa nos
cuidados com a saúde mental da criança. Ele apresenta a necessidade de
distanciamento físico constantes entre a mãe e a criança, e não encontraremos uma
educação para o afeto e o carinho. Essa prerrogativa só será considerada quando a
criança for bebê. Para esse médico que se coloca como médico da psicanálise e
influenciado pelos princípios higienistas da Liga Brasileira de Higiene Mental, as mães
não sabem lidar e nem se dedicar à criança como sendo criança, imersa em uma
expansão dos ‘instintos’. Assim sendo, o desenvolvimento infantil pode resultar em
comportamentos inadequados, frente ao desejado de uma criança saudável e dentro de
parâmetros da normalidade. Para essa realização de alinhamento dos comportamentos
mãe e filho, Silva (Vamos Ler) irá exigir que a criança possa brincar, ter ampliado os
espaços de convivência junto à família, e também poder frequentar espaços públicos
específicos a elas para dar vazão a seus instintos.
Verificamos Silva como os outros especialistas, dedicado a escrever e preparar
um público feminino que lê e com condições sociais extremamente favoráveis. Ao
término do ano de 1940, abandona esse público feminino em específico e irá dedicar-se
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